26.10.06

ENTREVISTA – MANUELA D’ÁVILA (publicada em 10/10 na Agência Carta Maior)


"Não acredito que a juventude não goste de política"

Recordista de votos no Rio Grande do Sul, Manuela D’Ávila, de 25 anos, foi eleita deputada federal pelo Partido Comunista do Brasil. Em entrevista, ela fala sobre sua trajetória política e defende que a esquerda precisa reciclar sua linguagem.

Marco Aurélio Weissheimer – Carta Maior

PORTO ALEGRE - Manuela D’Ávila, jornalista de 25 anos, vem sendo apontada como um dos fenômenos da campanha eleitoral deste ano. Mas a palavra “fenômeno” talvez não seja a mais adequada para descrever seu desempenho nas urnas. Ao contrário de alguns candidatos que caem de pára-quedas na política em função de sua visibilidade profissional, Manuela, filha de servidores públicos e comunista, tem muita militância nas costas. Após cerca de cinco anos de militância do movimento estudantil, em 2004, foi eleita vereadora em Porto Alegre, pelo Partido Comunista do Brasil, com 9.498 votos, a mulher mais votada no Estado e a vereadora mais jovem da história da capital gaúcha. Agora, em 2006, foi eleita deputada federal pelo PC do B, com 271.939 votos, a deputada mais votada do Rio Grande do Sul.

Em entrevista à Carta Maior, Manuela conta um pouco de sua história, de sua militância no PC do B e de sua preocupação em renovar a linguagem na política. A esquerda precisa aprender a falar de modo mais simples e claro, defende. Integrante da geração da internet, ela incorporou o instrumento em seu trabalho político. Em seu mandato como vereadora em Porto Alegre, Manuela responde pessoalmente os e-mail’s que recebe. Sua comunidade no Orkut saltou de cem integrantes para mais de quatro mil durante a campanha. O próximo terreno que pretende explorar agora é o uso do Youtube.

A nova deputada federal não acredita que a juventude não goste de política. “Ela não gosta desta política que está aí, baseada na lógica de chefes e caciques”. A esquerda, defende, precisa reciclar sua linguagem, aprender a falar de modo mais claro e não reproduzir dentro dela a lógica dos partidos conservadores. “Os partidos brasileiros são espaços de chefes e caciques. Grande parte da política nacional é dirigida por disputa entre esses caciques. É evidente que a posição dos jovens fica fragilizada neste contexto, a não ser que você seja neto do dono, como é o caso do ACM Neto na Bahia, ou filho do dono, como é caso do Rodrigo Maia, no Rio de Janeiro. Um é neto do dono do PFL na Bahia e o outro é filho do dono do PFL no Rio”.

Veja a entrevista na Agência Carta Maior clicando aqui.

2 comentários:

Anônimo disse...

Professor, apesar de ser do PC do B, acabei me simpatizando pela moça. Sua juventude e militância são exemplares para a construção de uma nova esquerda. É uma pena que o PC do B tenha se tornado o que se tornou. Até mais. Vinícius

Anônimo disse...

pontos interessantes:

. há MUITO eu não via alguém chamando o PC do B pelo nome extenso: Partido Comunista do Brasil. Ponto para o Marco Aurélio -- aliás, pq ele o fez?

. importantíssima a discussão de não se falar o "militanês" (linguajar que só quem está próximo de movimetnos políticos entendem). Sim, internet é uma ferramenta. Aliás, acho que a Soninha é uma das pioneiras nisso, certo?

. Não conheço a fundo a trajetória da Manuela. Agora, é impossível negar a atuação da UJS. Quem acompanha congressos e frequennta os espaços de militância sabe de ingredientes escrotos, tais como: em congresso da UNE, catar (literalmente) delegado pra formar quórum; fazer shows barulhentos enquanto acontece uma plenária quenão é de interesse da UJS (há quase uma década no comando da UNE)...
A trajetoria dela pode ser encantadora. Os métodos da UJS nem tanto.

. a penúltima questão, sobre consequências do neoliberalismo, gostei da resposta.