22.10.06

Imprensa, mas imprensa mesmo que a coisa aparece

Ontem me entreguei a estafante tarefa de ler parte da edição semanal da Revista Veja. Na capa estava uma matéria que me interessou, tratando dos negócios do filho mais velho do presidente Lula.
A matéria é rancorosa, com pouca investigação, poucas provas, mas definitiva: “Lulinha” é lobista, representa interesses da iniciativa privada junto ao governo do pai, além da suspeita de ter passado de um simples monitor do Jardim Zoológico, com salário de R$ 600 mensais, para a posição de próspero empresário com salários estratosféricos.
Tripudiam ainda sobre as respostas que o presidente dá quando questionado sobre a vida empresarial do filho.
Leiam a matéria aqui, caso queiram.
Agora pela manhã estava lendo os jornais, mais precisamente o “Estadão”. Na chamada da edição on-line está estampado: Os negócios do primeiro-filho.
Pensei: aí está a derradeira esperança tucana! Isso mesmo, lançar as suspeitas sobre o filho do presidente, aliás, notícia que freqüentou a mídia em diversas ocasiões nos últimos dois anos. Deu-me a impressão de última cartada, uma vez que na questão política o conservadorismo do Alckmin já está derrotado.
Leiam a matéria, se interessar, clicando aqui.
Mas, para minha surpresa a matéria do “Estadão” está equilibrada, levantando suspeitas onde realmente elas existem, apresentando os lados envolvidos e mostrando as possibilidades de que nada de errado tenha acontecido, com as ressalvas necessárias.
Faz uma análise técnica do negócio da Gamecorp. Não manda ninguém para a fogueira santa, nem o presidente, nem o seu filho e menos ainda as empresas envolvidas.
Um jornalismo dessa qualidade informa e ajuda formar, não aquele que julga a priori e depois apresenta os fatos que referendam o julgamento apresentado.
Mais honesto ainda seria cada órgão de imprensa declinar sua preferência eleitoral em editorial, assim deixariam claras as opções, permitindo um melhor julgamento de suas reportagens e análises por parte dos leitores.

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