29.9.07

Record News e as manipulações da Folha de S. Paulo

Reproduzo abaixo artigo do Luiz Antonio Magalhães (clique aqui para acessar o blog dele) publicado ontem - 28/8 - no Observatório da Imprensa (clique aqui para acessá-lo):

Circo da Notícia

RECORD NEWS - Como manipular uma notícia
Por Luiz Antonio Magalhães em 28/9/2007
A reportagem que se segue está na Folha de S.Paulo de sexta-feira (28/9), acompanhada de uma foto enorme do presidente Lula e o bispo Edir Macedo apertando o botão para o início das transmissões do Record News. Trata-se, tipicamente, de uma matéria destinada a enganar o leitor, vender gato por lebre, com a intenção de prejudicar Lula.
Foram três os recursos usados para manipular a notícia.
O primeiro é a foto de Lula e Edir, que tem o objetivo de mostrar que os dois são aliados. Os dois outros recursos estão no texto. Primeiro, a Folha mente ao dizer que quando Lula e Edir apertaram o botão, "Serra e Kassab" estavam na platéia. Não é verdade: o governador e o prefeito estavam no palco e participavam do evento no mesmo plano do presidente da República.
Um pouco mais abaixo, a reportagem informa que uma comitiva de ministros participou da cerimônia e "não se sentiu constrangida" com a fala de Edir sobre a Globo. Ora, também estavam presentes secretários e colaboradores do governo Serra. Por que a Folha não registrou o fato ou repercutiu com os tucanos a fala do bispo?
Resposta simples: porque o objetivo do jornal não é jogar cascas de bananas para Serra, candidato da Folha à presidência em 2010, mas para a turma do presidente Lula. O repórter que cobriu o evento estava devidamente pautado e sabia a quem deveria dirigir as perguntas. É mesmo simples assim: basta ler o diário da Alameda Barão de Limeira com atenção para perceber que José Serra é o maior beneficiário da cobertura política do jornal.
A seguir, a "reportagem" da Folha.
***
Bispo da Universal lança TV e ataca "monopólio da notícia"
Copyright Folha de S.Paulo, 28/9/2007
O proprietário da Rede Record e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, bispo Edir Macedo, aproveitou ontem o lançamento do canal Record News, o primeiro com 24 horas de jornalismo em TV aberta do país, para se dizer "injustiçado" por um grupo que detém o "monopólio da notícia".
Sem fazer alusão à Rede Globo, disse que "fomos injustiçados por muitos anos nas mãos de um grupo de comunicação que mantinha e mantém, por enquanto, o monopólio da notícia do Brasil. Daí surgiu o nosso desejo de levar ao fim esse monopólio, de dar às pessoas o direito de se informar por outro canal de notícias, de formar opinião por si mesmos. Daí surgiu nosso desejo em democratizar a informação".
O discurso foi feito por Macedo minutos antes de acionar, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o botão que simbolicamente ativou o canal.
Estavam na platéia o governador José Serra (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Procurada, a Rede Globo informou que não vai comentar as declarações de Macedo.
Em suas falas, Lula e Serra exaltaram a estréia como um instrumento de pluralidade. "Um novo veículo de notícias amplia muito a diversidade de opiniões e a multiplicidade de enfoque", elogiou Serra.
"A estréia do canal Record News representa um grande momento para a história da televisão brasileira e contribui para que os cidadãos exerçam aquele que é um dos mais sagrados direitos democráticos: o acesso à informação", disse Lula, encerrando o discurso com "Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós", trecho do hino da Proclamação da República.
Comitiva
Os ministros Franklin Martins (Comunicação), Marta Suplicy (Turismo) e Orlando Silva (Esportes) participaram da solenidade.
Os integrantes da comitiva presidencial não se mostraram constrangidos com as declarações de Macedo, embora evitaram comentá-las. "É sempre bom quando nasce uma TV. Assim há mais pluralidade", disse Franklin, enquanto o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), enaltecia a pluralidade.
A cantora Fafá de Belém -musa do movimento pelas Diretas- interpretou o Hino Nacional. De lá, os convidados foram para um coquetel. A Record News exigiu um investimento de US$ 7 milhões. Macedo, que foi preso em 1992 sob acusação de charlatanismo, curandeirismo e estelionato, começou a erguer o império de comunicação da Universal no final dos anos 80, quando comprou as três emissoras de TV da Record de São Paulo. Até 94, a Record tinha seis geradoras próprias de TV. Em 95, foram mais oito.
Ainda nos anos 90, a Universal investiu em duas novas redes de TV -Rede Mulher e Rede Família. Neste ano, foram compradas a TV e rádios Guaíba. [Colaborou a Folha Online]

Ainda sobre as concessões de TV

Encontrei excelente artigo do Altamiro Borges na revista Nova-e.

Segue um trecho:

O fim da concessão

Altamiro Borges

O dia 5 de outubro terá enorme significado para todos os que lutam contra a ditadura da mídia no país e pela democratização dos meios de comunicação. Nesta data vence o prazo das concessões públicas de várias emissoras privadas da televisão brasileira, entre elas de cinco transmissoras da Rede Globo – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Belo Horizonte. A Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), que reúne as principais entidades populares e sindicais do país, já decidiu aproveitar o simbolismo desta data para realizar manifestações em todo o país contra as ilegalidades existentes no processo de concessão e renovação das outorgas de televisão no Brasil. De acordo com a Constituição de 1988, a concessão pública de TV tem validade de 15 anos. Para que ela seja renovada, o governo precisa encaminhar pedido ao Senado, que pode aprová-lo com o voto de 3/5 dos senadores. No caso de rejeição, a votação é mais difícil. A proposta do governo deve ser submetida ao Congresso Nacional, que pode acatar a não renovação da concessão da emissora com os votos de 2/5 dos deputados e senadores. Antes da Constituição de 1988, esta decisão cabia exclusivamente ao governo federal. A medida democratizante, porém, não superou a verdadeira “caixa-preta” vigente neste processo, sempre feito na surdina e sem transparência.

Para lê-lo na íntegra, clique aqui.

Rede Blogo - edição especial no ar

Está no ar uma nova edição da Rede Blogo, clique aqui para acessá-la. Ela é dedicada a questão da renovação das concessões de TV, que vencem em 5 de Outubro, inclusive com a reprodução de parte do documentário Beyond Citizen Kane, de Simon Hartog, produzido pelo Channel Four britânico em 1993.
Imperdível!

27.9.07

Ele acreditou!

O professor Paim, cidadão consciente, resolveu participar do Dia Mundial sem carro no sábado último, ainda mais depois de ouvir o programa Fim de Expediente que vai ao ar nas sextas-feiras, início da noite, pela rádio CBN.
Leiam o relato que ele encaminhou ao programa:

Olá moçada do "Fim de Expediente", gosto muito do programa de vocês. Se o programa não existisse, eu estaria desolado, pois, toda sexta-feira, enquanto estou no famigerado trânsito da Marginal do Pinheiros, indo para casa, tenho a companhia de vocês e me sinto muito feliz em poder ouví-los.
Ontem o programa teve como mote a bicicleta e o dia de hoje "Dia Mundial Sem Carro". Fiquei entusiasmado e resolvi que iria participar do movimento.
Ao chegar na ponte da Cidade Universitária, meu itinerário, estacionei o carro e fui até a bilheteria da estação de trem saber sobre a possibilidade de ir para o trabalho hoje (sábado) de bicicleta, levando minha magrela de trem até a estação Chácara Santo Antonio, próximo de onde trabalho. A vendedora de bilhetes disse-me que eu só poderia fazer isso no sábado, pois durante os demais dias da semana é proibido. Achei estranha esta proibição numa cidade como a nossa em que o volume de carros é imenso, causando todos os problemas que vocês puderam relacionar no programa. Entretanto, fiquei feliz de poder participar do movimento, uma vez que era exatamente no sábado que iria necessitar do serviço.
Chegando em casa, fui até o estacionamento das bicicletas do meu prédio, limpei, calibrei os pneus, enfim, preparei a magrela para o dia seguinte.
Levantei mais cedo, me preparei e, munido de capacete luvas e uma mochila em que levava meus pertences saí de casa e fui, feliz, para a estação. Lá chegando, desci da bicicleta e a carreguei através de 3 lances de escada, atravessei o corredor sobre a pista da Marginal e cheguei na bilheteria. Qual não foi minha decepção ao receber do bilheteiro a taxativa negação de meu propósito: “SÓ APÓS ÀS 15HS."
Não acreditei e tentei argumentar lembrando a data que estamos comemorando. Sem chance. Infelizmente um possível chefe que poderia dizer alguma coisa a meu favor estava dormindo aquela hora.
Completamente decepcionado voltei pedalando até minha casa. Cheguei suado e esgotado. Prendi a bicicleta no estacionamento, subi ao apartamento, peguei a chave do carro e, com vergonha por estar boicotando o movimento, fui para minha reunião. Cheguei atrasado, recebi uma reprimenda e fiquei triste o resto do dia.
Não tem alguma coisa errada nisso tudo?
Abraço,
Paim.

Viva a rebeldia do Senado

Ainda não compreendi a derrota do governo na MP que criava a Secretaria do Ponto Futuro (ou algo que o valha), mas imagino que Lula tenha gostado dessa derrota.
É sabido por todos que a nomeação de Mangabeira Unger era um afago ao Vice-Presidente, José Alencar, assim como estava claro o desconforto de Lula em trazer para tão perto essa figura, estranha para ser educado, camaleônica da política nacional.
Assim a derrota no Senado deve ter tido sabor de vitória.
Clique aqui para ler na Folha Online notícia sobre esse assunto.

26.9.07

Briga de cachorro grande!

As operações nebulosas da mídia grande só chegam aos nossos ouvidos quando os interesses são divergentes.
A Rede Bandeirantes fez uma série de reportagens contra o grupo Abril, denunciando possíveis maracutaias nas negociações das ações do grupo com empresas estrangeiras.
Vejam nos links abaixo as matérias do Jornal da Band:

http://www.youtube.com/watch?v=4WhJPwXgXnQ&mode=related&search=
http://www.youtube.com/watch?v=-UTwRU_uolQ&mode=related&search=

25.9.07

Que tal socializar a riqueza?

Muito barulho tem sido feito com relação aos dados da PNAD, que mostra uma diminuição da extrema pobreza no país.
Embora os resultados não sejam ruins, do ponto de vista estatístico, ele não combina com a realidade das ruas e, muito menos, com aquilo que almejamos para o país e a nossa sociedade.
A redução destas disparidades, tão graves, acontece “por baixo”, ou seja, rebaixando a média de ganhos provenientes dos salários.
Luis Nassif explica brevemente no seu blog:
Igualados na pobreza
Segundo o professor Paulo Baltar, do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), do Instituto de Economia da Unicamp, não se deve ser muito otimista com os dados sobre redução das disparidades de renda no país. A PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) inclui a renda captada nas pesquisas domiciliares, que são basicamente renda de trabalho. Em geral, a parcela dos juros é subdeclarada.

Clique aqui para ler o texto na íntegra.

23.9.07

Mensalão ou Caixa 2? A mídia golpista sempre com dois pesos e duas medidas

A mídia golpista nem tenta disfarçar mais a sua opção partidária.
A Polícia Federal apontou recentemente o DNA das operações do publicitário Marcos Valério: a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais.
Estão lá as agências publicitárias, os bancos "emprestadores", as operações com diversas triangulações, notas fiscais, patrocínios de empresas estatais mineiras e dinheiro do próprio tesouro estadual, enfim, os mesmos mecanismos encontrados naquele esquema batizado de “Mensalão do PT”.
Para manter a coerência a imprensa deveria chamar essa operação de “Mensalão do PSDB”.
Mas não é assim.
A capa da Istoé da semana passada lançou um nome: “mensalão mineiro”. A Folha de S. Paulo de hoje e a revista Época trazem um nome mais suave: caixa 2 de Azeredo.
Observem a sutileza das chamadas da Folha de S.Paulo:

Walfrido anotou caixa dois de Azeredo na eleição de 98
Valerioduto financiou aliado de Azeredo uma semana após registro do hoje ministro

Polícia Federal identificou transferência de R$ 200 mil do caixa dois do governador tucano para a candidata ao Senado Júnia Marise (PDT)

Vejam: Walfrido “hoje ministro”; Júnia Marise é do PDT, mas e o Azeredo? Tem partido? Exerce algum cargo hoje? O governador tucano seria Aécio Neves?
A Revista Época menciona Azeredo e o PSDB, mas a manchete sobre o tema é para o ministro Walfrido.
No panfleto tucano, editado pela Abril, a chamada no sumário da edição semanal é “O caixa dois de Azeredo e Walfrido”.

22.9.07

Livro didático: mentiras e manipulações no artigo do Ali Kamel

Luis Nassif jogou um pouco de luz nesta discussão que tomou conta da mídia recentemente: o MEC e os livros didáticos.
Interessante saber que são muitos os interesses que devem ser considerados nesta discussão: políticos, pedagógicos e grana. Agora, pelo jeito que a coisa anda, mais um se soma: o combate rasteiro às ações do governo Lula.
Essa mídia que vive “testando hipóteses”, louca da silva para derrubar o governo, vem desinformando cada dia mais e, de forma alucinada, despolitizando completamente o debate político.
Criticam o governo pelo pouco que ele tem de bom. Pois é justamente esse pouco que descontenta os bem aquinhoados de sempre, aqueles que sempre tiveram todos os privilégios em suas mãos e que construíram, ano após ano, governo após governo, esse enorme abismo social que envergonha todo brasileiro com o mínimo de senso de justiça e solidariedade.
Transcrevo abaixo na íntegra o texto publicado no Blog do Nassif, mas antes clique aqui para ler o artigo que deu origem ao debate: O que ensinam às nossas crianças, de autoria de Ali Kamel.

O caso do livro no índex
Coluna Econômica - 21/09/2007
A guerra ideológica continua produzindo uma vítima recorrente: a notícia. Digo isso a propósito do artigo de Ali Kamel em “O Globo”, reproduzido no “Estadão”, desancando o livro “Nova História Crítica, 8ª série” – acusado por ele de doutrinação comunista –, e denunciando o MEC (Ministério da Educação) de distribuí-lo gratuitamente.
A denúncia repercutiu na imprensa mundial, de “El Pais”, na Espanha, ao “Miami Herald”, nos Estados Unidos.
Na verdade o livro foi adotado pelo MEC em 2002, gestão Fernando Henrique Cardoso, e deixou de ser adotado em abril deste ano, gestão Luiz Ignácio Lula da Silva. E Kamel sabia disso.
Nem a indicação foi culpa de FHC (se é que se pode falar em culpa), nem a desclassificação foi obra de Lula.
Kamel sabia que o processo de seleção de livros, pelo MEC, virou uma política de estado, ainda na gestão FHC, e não houve nenhuma modificação que sinalizasse para sua politização.
O sistema de seleção criado virou padrão para muitos países. O papel do MEC é definir um conjunto de universidades que sejam centros de excelência. Depois, cada qual indica professores para analisar as obras. O MEC avalia apenas se há conflito de interesses, se o professor eventualmente tem ligação com alguma editora.
Em seguida, todos são chamados a Brasília e lhes são entregues os livros sem identificação de editora ou autor. As obras recomendadas entram em uma lista do MEC e são apresentadas às escolas, para escolha dos professores.
Antes, havia um problema. Grandes editoras faziam um trabalho de marketing, enviando vendedores para convencer os professores. O MEC corrigiu o que considerava uma distorção. Passou a editar um Guia de Leitura e a remeter para as escolas. E os professores passaram a fazer escolhas pela Internet. Esse modelo reduziu o poder de fogo das grandes editoras, gerou muita pressão, mas abriu a possibilidades para pequenas e médias editoras entrarem no mercado.
O livro em questão entrou para a lista em 2002, devido à avaliação positiva de um professor da UNESP (Universidade Estadual Júlio de Mesquita Neto), ainda na gestão Paulo Renato de Souza.
Quem retirou de pauta, na última avaliação, em abril passado, foi a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pois os novos avaliadores entenderam que as ressalvas eram fortes demais para que permanecessem. Nem o MEC interferiu no primeiro movimento, nem interferiu no segundo.
A única mudança que fez foi ampliar o número de universidades de quatro para oito. O livro acabou vetado por um avaliador de uma nova universidade incluída na seleção.
Repito, Kamel sabia disso. Mais. Na seleção de trechos que colocou, do livro, menciona o que considera loas aos regimes comunistas. Mas deixou de fora trechos do livro em que há críticas explícitas ao marxismo, a Stalin e a Mao.
Pior: homem que domina as estatísticas, deixou as ferramentas de lado na hora de analisar as obras colocadas à disposição dos professores. Existem 400 livros didáticos apenas na 4ª e 5ª séries. Não se valeu sequer de amostragem estatística, como, por exemplo, avaliar 20 livros e constatar problemas em parte deles.

Fonte: http://www.projetobr.com.br/web/blog/6#4303

20.9.07

Democratização das comunicações: uma necessidade urgente!

Apresento-lhes, para quem ainda não conhece é óbvio, O Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social. Excelente trabalho de discussão, divulgação e apoio a uma nova estrutura de comunicação no Brasil.
Recomendo, particularmente, o projeto Observatório do Direito à Comunicação (clique no nome para acessar), show de bola!
O Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, constituído juridicamente em 2003, é uma organização que luta com base na compreensão de que a comunicação é um direito humano. Sem o direito à comunicação não existe democracia e a palavra cidadania transforma-se em mera retórica. Sem o direito humano à comunicação, os outros direitos não se efetivam.
Nesse sentido, a comunicação de que falamos não pode ser compreendida como arena de especialistas. É terreno de cada cidadão, de qualquer lugar do planeta. A ampliação radical da sociedade civil na definição das políticas de comunicação é, portanto, um dos nossos objetivos. E quando falamos em política, não nos referimos apenas aos espaços que sustentam a democracia em sua forma representativa. Falamos dos ambientes criados pela luta por uma sociedade mais justa: os movimentos sociais e suas campanhas, as redes de ONGs, os comitês pastorais, o Fórum Social Mundial. Espaços em formação, que prefiguram a existência de um outro mundo, que estamos ajudando a construir.
Atualmente, a organização se estrutura em três grandes áreas de trabalho e definiu, em sua última assembléia, realizada em maio de 2005, três grandes objetivos de atuação: formular, difundir e disputar um sistema público integrado de comunicação para o Brasil; dedicar esforços para construir um movimento de base em defesa do direito à comunicação; e ampliar o diálogo permanente com outros movimentos sociais e grupos organizados da sociedade para fortalecer a luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Se você acredita nessa luta, junte-se a nós. Levante sua voz! Sem comunicação democrática não existe democracia.

"Deus na escola": disciplina escolar

Ontem um amigo me alertava que para tudo existe um limite, menos para o ridículo. Pois não é que os deputados estaduais de São Paulo aparecem para socorrer e confirmar essa afirmação?
A nossa Assembléia Legislativa aprovou a criação da disciplina “Deus na escola”!
Segundo a deputada que pariu o projeto será assegurado o respeito à diversidade “cultural e religiosa”. Quanta estupidez! Como respeitar os ateus? Ou será que ateu não pode ter filho na escola pública paulista? Ou os outros deuses de outras religiões?
Espero que o governador Serra tenha o bom senso de mandar tal projeto para o merecido lugar: a lata do lixo!
Abaixo reproduzo matéria da Folha de S.Paulo sobre o tema:


Assembléia aprova criação da disciplina "Deus na escola" em SP
O texto aprovado não especifica se será tema opcional ou se será um conteúdo a ser abordado em várias matérias

Projeto requer sanção do governador José Serra para vigorar; em Sorocaba, projeto foi instituído pelo marido da deputada

LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Deus recebeu autorização da Assembléia Legislativa de São Paulo para virar disciplina na rede pública estadual de ensino fundamental.
Foi aprovada lei que institui o projeto "Deus na escola", de autoria da deputada estadual Maria Lúcia Amary, líder do PSDB na Assembléia.
O texto aprovado não especifica se "Deus na escola" será matéria opcional a mais na grade curricular ou conteúdo espalhado na grade curricular, tratado em várias matérias. Nem define o conceito de Deus.
Diz apenas que "será composto um grupo de estudos formado por professores, pedagogos, estudiosos e representantes de diversas religiões para, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa, elaborarem um manual do projeto "Deus na escola", homogêneo a todas as crenças religiosas". Hoje, o ensino religioso é facultativo nas escolas de ensino fundamental do Estado.
Para entrar em vigor, o projeto precisa da sanção do governador José Serra (PSDB).
O secretário da Casa Civil do tucano, Aloysio Nunes Ferreira, disse que o texto não foi discutido com o governo e, portanto, não sabe do que se trata.
Porém, destacou ser "preciso tomar muito cuidado com os princípios de laicidade do Estado previstos na Constituição do país" e que isso deverá ser levado em conta na avaliação.
Em Sorocaba, em 1997, no governo do marido de Maria Lúcia, o hoje deputado federal Renato Amary (PSDB), o "Deus na escola" foi instituído. A cartilha usada em salas de aulas se propunha "a auxiliar o professor do ensino fundamental que, voluntariamente, se dispuser a ministrar aulas de religião, interdisciplinariamente".
A autora diz ter confiança de que o projeto será sancionado. "Queremos construir o caráter das crianças por meio de Deus", diz a deputada, católica.
Jornal Folha de S. Paulo – 20/9/07.

19.9.07

Metrô escava túneis que não se "encontram"

Para aqueles que praticam o “fundamentalismo de mercado” segue trecho de uma notícia da Folha de São Paulo de hoje (para ler toda a matéria clique aqui, mas só para assinantes da Folha ou do UOL):

Um erro na execução da obra da linha 4-amarela (Luz-Vila Sônia) do Metrô de São Paulo provocou um desencontro de túneis que são escavados a partir de duas frentes de trabalho. A falha obrigará as empreiteiras a fazer correções que podem se estender por um mês.
O problema ocorreu no último dia 10, em um ponto que deveria ser a conexão dos túneis Caxingui/Três Poderes, na zona oeste de São Paulo.
O encontro das duas frentes de túneis não foi possível por conta de um desalinhamento lateral de 80 cm entre elas.
Especialistas afirmam que parâmetros aceitáveis seriam, no máximo, de 10 cm -para alguns, ainda menos. O erro foi alvo de preocupação dos trabalhadores (que falavam em um desvio de 1,5 m) e, segundo a Folha apurou, de ao menos parte dos técnicos do Metrô.
O Consórcio Via Amarela (Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez), diz não haver gravidade no erro e que "a correção geométrica ocorrerá na seqüência dos trabalhos".
O Metrô diz que não haverá "conseqüência ou repercussão em termos de prazo, segurança ou custos para a população e para a companhia" – sem esclarecer se haverá prejuízos às construtoras, que vão receber do Estado um total próximo de R$ 2 bilhões pela linha 4.

16.9.07

Para entender Renan Calheiros

A revista Caros Amigos traçou um perfil fabuloso do senador das Alagoas.
Numa excelente matéria do repórter João de Barros a gente começa a entender por que tantos têm medo de Renan.
Leia um trecho:

As faces de Renan

O REPÓRTER JOÃO DE BARROS PASSOU UMA SEMANA EM ALAGOAS EM BUSCA DO VERDADEIRO RENAN CALHEIROS. OUVIU CORRELIGIONÁRIOS DO SENADOR, ADVERSÁRIOS POLÍTICOS, ALIADOS E EX-ALIADOS, AMIGOS E EX-AMIGOS, PARENTES; JORNALISTAS; E UM PESQUISADOR DA HISTÓRIA ALAGOANA. DA EMPREITADA SALTAM VÁRIOS RENANS, "UM POLÍTICO CAMALEÔNICO" NO DIZER DE UM EX-COMPANHEIRO DE PARTIDO.

O Boeing da Gol pousa no Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, em Maceió. Dia quente e abafado, céu nublado. “Vai chover” – me diz um companheiro de viagem. Caminhamos pelo terminal, futurista, cinco pavimentos que mescla vidro, alumínio e granito, inaugurado pelo presidente Lula, em companhia do então governador Ronaldo Lessa (PSB), do ex-presidente da Infraero Carlos Wilson e do senador Renan Calheiros, em 2005. Tem o formato de um olho humano, projeto do arquiteto Mário Aloísio Barreto Melo. Mal elogio a beleza, o recatado senhor que anuncia chuva diz:

“Bonito ele é, mas a roubalheira que promoveram é que foi uma beleza. Era para custar xis [R$ 52 milhões] e ficou por ípsilon [R$ 238,3 milhões].”

Responsabiliza a empreiteira baiana OAS e “os políticos” pelo superfaturamento. Ele me conta que documentos contábeis foram encontrados “picotados no galpão da Construtora OAS, mas a maior parte foi levada por um caminhão de reciclagem e destruída. Sobraram apenas pedaços de notas fiscais de compras de material elétrico e hidráulico, contas de telefone, comprovantes de entrega de mercadoria e restos de materiais plásticos”. Diz ainda que a obra foi financiada com recursos da Infraero, Embratur e governo do Estado.

“Assim é Alagoas, assim é o Brasil. Rouba-se e não dá em nada.”

A ira desse alagoano não é fortuita. Ouvirei acusações de quase todas as pessoas que vou entrevistar para elaborar o perfil do senador Renan Calheiros, que responde a inquérito na Comissão de Ética do Senado Federal, inquérito que abalou o Congresso – foi acusado de receber ajuda do lobista Cláudio Gontijo, da construtora Mendes Júnior, para pagar a pensão da filha, fora do casamento, com a jornalista Mônica Veloso. Vão me relatar escândalos que têm Alagoas como palco – do prefeito de Delmiro Gouvêia, acusado de desviar R$ 13 milhões em licitações fraudulentas, à tortura nos presídios; do caso dos precatórios à ação livre de pistoleiros.

A matéria completa está na edição de agosto (nº. 125).

Fundação Santo André: selvageria da PM por solicitação do Reitor

Recebi correspondência do colega geógrafo Ricardo Alvarez:
Caros amigos e amigas eu estava presente no momento da invasão da Força Tática da PM na Fundação Santo André na passagem da quinta para sexta-feira. Tentei negociar uma solução pacífica junto com alunos, mas a PM estava intransigente alegando atender a uma solicitação da Reitoria pela desocupação a qualquer custo.
Os alunos não atiraram nada contra a PM que chegou batendo e atirando. A cena foi de selvageria e horror numa manifestação pacífica dos alunos contra aumentos de mensalidades de até 126%.
Veja o link da matéria em meu blog:
http://blog.controversia.com.br/2007/09/14/violencia-contra-alunos-e-o-direito-de-protestar-na-fsa/
Os professores em Assembléia aprovaram por unanimidade o Impeachment do Reitor.
Solicito apoio a todos enviando um e-mail de protesto contra a ação do reitor:
fsa@fsa.br
Favor enviar cópia para:
ricardo@controversia.com.br indicando, se assim o desejar, a autorização para publicação.
Atenciosamente.
Ricardo Alvarez
Prof. Geografia na FSA e representante docente (destituído pelo Reitor) no Conselho Diretor da FSA.

15.9.07

Rede Blogo - 2ª Edição

Compensa visitar a 2ª Edição da Rede Blogo, é só clicar aqui para ler uma rede de blogs que não tem rabo preso com as grandes corporações!

O Senado é inútil

Antes de todo esse enredo envolvendo Renan Calheiros, escrevi um pequeno texto sobre o Senado da República.
Começa assim:

Essa não é uma pergunta oportunista, reflexo dessa enorme exposição dos nossos senadores.
Meus alunos são testemunhas desse questionamento e já faz bastante tempo.
Vejam, esse sistema bicameral seria justificável se houvesse de uma correção das decisões legislativas, evitando que os estados com maior número de eleitores dessem as cartas, em detrimento daquelas unidades menos aquinhoadas.
Se houvesse uma proporcionalidade de fato, bastaria uma conjunção de interesses dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul – aproximadamente 55% dos eleitores – para que se aprovasse uma determinada lei, deixando à margem da decisão as outras 22 unidades da federação.

Clique aqui para lê-lo na íntegra, é recomendável na atual conjuntura.

Voto Secreto no Senado

Texto da Helena Chagas no Blog do Nassif :
A elegia da hipocrisia
Enviada por Helena Chagas
Defensores do voto aberto votaram contra fim do secreto
Quem te viu, quem te vê. Quem viu no início da sessão a animadíssima defesa dos senadores hoje do fim do voto secreto até acredita. Alguns chegam a prever para amanhã o início de uma campanha retumbante nesse sentido. Mas, no dia 13 de março de 2003, quando a Casa derrotou emenda constitucional do senador Tião Viana acabando com o voto secreto para cassações, muita gente boa que discursa hoje para abrir o voto ficou contra.
Arthur Virgílio, por exemplo, que hoje fez veemente defesa do voto aberto no início do julgamento, dizia na ocasião: "O voto secreto é um instrumento que deixa o parlamentar a sós com sua consciência em uma hora que é sublime, em que o voto é livre de quaisquer pressões, que podem ser familiares, do poder econômico, de expressão militar ou de setores do Executivo. Voto pela manutenção do voto secreto".
E assim também fizeram, na ocasião, seus colegas Cesar Borges (DEM), Tasso Jereissati (PSDB), Eduardo Azeredo (PSDB), Heráclito Fortes (DEM), Garibaldi Alves (PMDB), Gerson Camata (PMDB), Agripino Maia (DEM), Edison Lobão (DEM), Marco Maciel (DEM), José Sarney (PMDB), Mão Santa (PMDB) e Leomar Quintanilha (PMDB), entre outros.
Ou seja, muda a platéia, muda o voto.

Renan Calheiros na imprensa

Vejam como a mídia tratou a absolvição política de Renan Calheiros (clique nas capas das revistas para acessar os sites):

A Revista Época colocou o assunto na capa com a seguinte chamada da matéria:

Dois Brasis em confronto
O Senado que absolveu Renan e o Supremo que transformou os mensaleiros em réus representam dois países antagônicos: um “Brasil B”, atrasado e apegado a velhos vícios, e um “Brasil A”, que abraça e deseja a modernidade. Qual deles triunfará?

Também destacou o tema no Blog da Semana (clique aqui para ler).

A Revista Veja não deixou por menos, fez a seguinte chamada:

Os números da vergonha
Protegidos por uma sessão secreta, com o apoio do governo e o aval do PT, senadores condenam a ética e absolvem Calheiros


CartaCapital preferiu o russo Berezovsky, mas Renan Calheiros está no alto da capa e no editorial assinado por Mina Carta, que começa assim:

A absolvição de Renan é o compacto, irremediável descaso com o País
Quando caiu o Muro de Berlim, os sábios disseram que com ele ruíam as ideologias, como se o espaço das idéias e dos ideais estivesse extinto. De uns anos para cá, investem contra a política como se fosse o pior dos males do planeta. Mas a política é inerente à atividade humana, da mesma forma que o poder se impõe em todos os quadrantes, instâncias e situações, graúdas e miúdas. (Clique
aqui para ler o texto)

A Istoé ignora o caso do senador Renan Calheiros e coloca na sua capa o “mensalão” de Minas Gerais. Aí sobra para todo mundo: Walfrido dos Mares Guia (ministro de Lula), Aécio Neves (Governador de MG/PSDB), Eduardo Azeredo (PSDB/MG) e mais 156 políticos mineiros, inclusive candidatos petistas.

13.9.07

Depois de Renam, o quê?

Diante da ABSOLVIÇÃO de Renan Calheiros, presidente do senado – e do CONGRESSO NACIONAL – acredito que muitos dos que lêem esse texto, assim como eu, estão pasmos, perplexos e indignados com o sistema político nacional.
Renan é atualmente alvo de três representações (afinal, por uma já foi absolvido) no conselho de ética do senado e no próprio senado federal.
A primeira, da qual foi absolvido, dizia respeito ao fato de ter tido despesas pessoais pagas por um lobista. As outras:
- Ter usado "laranjas" para comprar empresas de comunicação em Alagoas;
- O segundo processo diz respeito ao suposto favorecimento de Renan à indústria de bebidas Schincariol, em troca de vantagens financeiras aos negócios da família Calheiros com uma fábrica de bebidas em Alagoas.
- A mais recente, levada à mesa diretora pelo PSOL, levanta suspeita de vários crimes cometidos por Renan, incluindo tráfico de influência, corrupção ativa, exploração de prestígio, formação de quadrilha, intermediação de interesses privados, abusos das prerrogativas de parlamentar e recebimento de vantagens indevidas.
Quem tem acompanhado mais de perto todo o imbróglio deve se lembrar de que há algumas semanas, quando levantada a suspeita da compra de empresas de comunicação em Alagoas, o ex-sócio de Renan (outro homem de reputação duvidosa) veio a público dizer que estava disposto a esclarecer como se davam essas atividades ilegais. Nessa oportunidade, ambos trocaram farpas e "elogios" sobre suas posições éticas e atividades comerciais e políticas. Lembro-me bem de quando Renan chegou a dizer que sempre considerou seu ex-sócio, o ex-deputado João Lyra (PTB-AL), um bandido, um homem sem escrúpulos, além de outros belos e taxativos nomes.
A pergunta que ficou em minha cabeça era: como um homem que pretende representar a nação no congresso – e mais tarde ser o presidente do mesmo – associa-se com outro o qual considera "bandido" e "sem-escrúpulos"? Apenas por essa afirmação do próprio Renan, já se teria motivos suficientes para depô-lo de seu cargo por falta de decoro parlamentar, pois não pode um senador – ainda menos o presidente do congresso – se associar a um bandido.
Mas, para voltar à vaca fria (isso não foi uma piada, mas poderia ser), hoje nosso ilustre representante foi absolvido. Algo me parece estar muito errado com nosso sistema dito democrático. Ainda que fiquemos revoltados com a decisão de nosso corpo de representantes no senado por terem absolvido Renan, o problema é ainda anterior ao fato.
Vejamos:
Espero que esteja repetindo o que todos já sabem, mas a votação não foi aberta, foi secreta. E, pior, a SESSÃO foi secreta. TODOS, a não ser 13 deputados (que, aliás, se engajaram numa briga de corpo às portas do senado) de porte de sentença do STF puderam presenciar a sessão.
Mas o que isso significa afinal? Bem, espero que esteja chovendo no molhado mais uma vez, significa que NENHUM cidadão pôde acompanhar as discussões dos senadores, avaliar suas opiniões e, acima de tudo, não pôde também saber qual foi a decisão que o senador tomou EM NOME DE QUEM ELE REPRESENTA, os eleitores, os cidadãos, o povo, os representados, nós, como quiserem. Fomos todos impedidos de saber o que se decidiu em nosso nome, no caso, em favor de um político de índole, para dizer o mínimo, duvidosa.
Que tipo de representação política é essa na qual somos proibidos de saber que decisões são tomadas em nosso nome?
Chegamos a um ponto tal que o respeito ao cidadão e à Res Publica foi degradado ao ponto mais extremo. Numa democracia, nos impedem o direito de saber quem decide o que em nosso nome? Desrespeitam nossa moral, nossa inteligência e nosso estatus de cidadão!
Gostaria que essa carta não fosse um mero desabafo. Gostaria que isso pudesse gerar algum tipo de manifestação (ainda que possa ser inútil), mas não podemos ficar "sentados na poltrona com a boca escancarada cheia de dentes esperando a morte chegar". Acredito que uma das diferenças entre um POVO – e não um país – desenvolvido e um subdesenvolvido seja a vontade de se fazer ouvido e de se fazer, de fato, representado. Enquanto estivermos indignados apenas, não será suficiente para mudar coisa alguma.
Vejo os argentinos, motivo de chacotas dos brasileiros, irem às ruas e fazerem um panelaço; Europeus vão às ruas por motivos muito menores. Isso porque está claro a cada um deles que a política – e, obviamente, os políticos – estão lá a serviço do povo. Do povo que os elegeu.
Visto dessa forma, não podemos aceitar que escondam de nós suas decisões e opiniões políticas, simplesmente porque sabem que se o público souber a estirpe da decisão que tomam, em pouco tempo estaria acabada sua vida política. Estaria acabada, pois fazem escolhas visando interesses próprios, escolhas que beneficiam apenas a eles e não ao povo que representam, não ao país.
Gostaria, verdadeiramente, que esta carta possa despertar em alguns a vontade que tenho em mim de nos fazermos ouvidos, de não permitir que decisões esdrúxulas como a absolvição de mais um Renan no futuro deteriorem ainda mais um sistema político já deturpado e corrompido como o brasileiro. Espero que esta carta desperte a vontade de fazermos desse país um lugar onde a justiça seja realmente feita às claras e NÃO À PORTAS FECHADAS, ESCONDENDO AS DECISÕES QUE MAIS DIZEM RESPEITO AO POVO, ESCONDENDO INTERESSES DETURPADOS, SUJOS, ANTIÉTICOS E ANTIDEMOCRÁTICOS.
Peço aos que tiveram paciência de ler até o fim esta carta que se mobilizem de qualquer maneira que esteja ao seu alcance. Não é tarefa fácil, é desgastante. Mas, com certeza, nada que vale a pena nessa vida é fácil. Se cada um de nós fizer um pequeno movimento na direção que desejamos, na direção de uma política mais limpa e ética, o resultado será extremamente positivo.
Se conseguirmos fazer pequenas movimentações, essas movimentações crescerão e seremos ouvidos. Em qualquer lugar que estivermos, podemos ser ouvidos. Só não podemos permanecer estáticos diante de situações como essas.

Éric Afonso Secco Marcos - ericmarcos@gmail.com
Escola de Economia de São Paulo - Fundação Getúlio Vargas - SP

12.9.07

E eu acreditei!

Tudo bem, sou ingênuo e abestado! Acreditei que o senador Renan Calheiros seria cassado!

11.9.07

Sombras

Nestes dias a tristeza tem aumentado.
Por vezes parece prenúncio do fim da vida, dos sonhos, dos desejos, enfim uma melancolia refletida em cada gesto e pensamento meu.
Olho e só vejo sombras.
No cotidiano são duas as fontes que me fazem melhorar: meu filho e meus alunos.
Quando vejo a inteligência pulsando e a inquietude da criança de quase 7 anos expressando-se em todos os atos, brincadeiras e pensamentos eu me animo, mas aí abro o jornal e vejo os deputados sanguessugas, o PCC, o Líbano...
Percebo meu fracasso em deixar para o Jaiminho um mundo melhor. Caso ele o queira terá que construí-lo.
As sombras dos meus sonhos de juventude me perturbam, elas denunciam minha incapacidade e meu fracasso.
Quando começo uma aula também o sopro daquela juventude me contamina. Sempre alguns são solidários e preocupados com o mundo que os cercam.
Por vezes o debate e o enfrentamento de idéias são contagiantes.
De repente alguém despeja seu cinismo sobre o diálogo. Um cinismo cortante para jovens que andam por volta dos 17 anos. Verdadeiro tapa na cara!
As sombras crescem.
Texto publicado em 06/08/2006

9.9.07

A Rede Blogo está no ar!

Numa evolução do SIVUCA saiu a primeira edição da Rede Blogo.
A idéia é ótima: oferecer ao público as notícias e opiniões que não têm vez nem voz na grande mídia!
Aproveitem e indiquem para todos que puderem!

Manifesto dos Sem-Mídia

Vivemos um tempo em que a informação se tornou tão vital para o homem que passou a integrar o arcabouço de seus direitos fundamentais. Defender a boa qualidade da informação, pois, é defender um dos mais importantes direitos fundamentais do homem. É por isso que estamos aqui hoje.
No transcurso do século XX, novas tecnologias geraram o que se convencionou chamar de mídia, isto é, o conjunto de meios de comunicação em suas variadas manifestações, tais como a secular imprensa escrita, o rádio, o cinema, a televisão e, mais recentemente, a internet. Essa mídia, por suas características intrínsecas e por suas ações extrínsecas, tornou-se componente fundamental da estrutura social, formada que é por meios de comunicação de massa.
Em todas as partes do mundo - mas, sobretudo, em países continentais como o nosso -, quem tem como falar para as massas controla um poder que, vigendo a democracia, equipara-se aos Poderes constituídos da República. E, vez por outra, até os suplanta. Essa realidade pode ser constatada pela simples análise da história de regiões como a América Latina, em que o poder dos meios de comunicação logrou eleger e derrubar governos, aprovar leis ou impedir sua aprovação, bem como moldar costumes e valores das sociedades. Contudo, há fartura de provas de que, freqüentemente, esse descomunal poder não foi usado em benefício da maioria.


Leia o manifesto completo em: http://edu.guim.blog.uol.com.br/

A primeira UTI a gente nunca esquece

Em março último fez 2 anos que passei uma temporada na UTI de um hospital próximo da minha casa.
Na verdade eu não estava sentindo nada, apenas uma coisa esquisita. Passei no hospital para verificar a pressão: 25 por 15!
Naquele dia tinha pensado em passar no INCOR, mas tive medo de virar estudo de caso: obeso, hipertenso e diabético, internação na certa!
Pois não é que o médico me colocou em observação? Sim, medicado, sem comida (isso é deveras triste) e observado.
Deu 18 horas e a pressão continuava firme nos 25 por 15! Danada!
Ele chamou minha esposa e disse que eu precisaria ficar internado.
Vendo o ar de preocupação nela resolvi fazer uma brincadeira, perguntei à enfermeira se no hospital tinha TV a cabo, ao que ela me respondeu:
- na UTI não!
Aí a ficha caiu! O que já estava ruim ficou muito pior quando ela me trouxe aquele avental ridículo! Parecia uma tapa sexo, um selo!
E aquela abertura atrás? Um verdadeiro vendaval, parecia que a minha bunda tinha ido pra geladeira.
Passei a noite ouvindo os “piiiisss” dos instrumentos no box da UTI.
Acordei no dia seguinte com vontade de ir ao banheiro. A enfermeira me trouxe um negócio de metal. A parte líquida sem problema, agora quanto ao sólido...
Pedi para ir ao banheiro com minhas próprias pernas, me foi negado! Vejam, o direito de um ser humano levar a sua bunda gelada até o banheiro com suas próprias pernas para uma simples cagadinha, proibido!
Fiz um escarcéu! O médico autorizou desde que eu fosse de cadeira de rodas. Tudo bem. Quando sentei na cadeira percebi que ela não tinha fundos! Humilhante!
Logo depois chamei a enfermeira e lembrei a ela que estava fazendo 24 horas que eu não tomava banho e, sem banho nem eu me suporto.
Em seguida vem moça, com uma bacia com água e alguns paninhos. Disse a ela que só podia ser brincadeira. Para me dar banho daquele jeito ela precisaria de uma vap!
Depois de muita briga lá vou eu na cadeira de rodas sem fundos, tomar banho vigiado pela enfermeira.
Que delícia. Meia hora no chuveiro quente.
Saí alguns dias depois com a recomendação de um regime alimentar sério e diminuição do estresse. Isso é papo para outra postagem.

Texto publicado em 12/8/2006

Tomografia Impossível

Gente, trago essa história aqui porquê não agüento mais contá-la nas mesas da vida.
Seguinte, corria o ano de 1997 e fui atacado por uma “paralisia facial”.
Fui até o Hospital Universitário, depois de dois dias entortando a boca, temendo o pior.
Atendido no pronto-socorro por um jovem estudante de medicina, este solicitou uma tomografia para avaliar melhor o quadro, não sem antes me encher de porrada para testar meus reflexos.
A primeira luta foi pra subir na maca. Insisti com os enfermeiros que não era necessário, depois de levar uma baita bronca, subi.
Ao chegar no RX do HU fui recebido pela médica responsável e pela sua zelosa enfermeira, que ao me ver exclamou: ão bhai cabher! A desgraçada além de pessimista era “fanha”. A médica, muito simpática, retrucou: imagina, semana passada atendemos um bem mais forte!
Fomos pra sala de exame e a enfermeira resmungava: ão bhai cabher, ão bhai cabher!
Esperei alguns minutos e, como estava muito tenso, dormi. De repente acordo com um barulhão, a máquina parecia uma catapulta, jogando-me dentro de um estreito túnel numa rapidez incrível. De novo, os mesmos movimentos...e mais uma vez...depois da quarta tentativa sai a médica do seu posto, com o raio da enfermeira atrás falando: ão fhalei que ão ia cabher!
A médica educadamente se desculpou: sabe como é moço, a máquina está regulada para suportar apenas 120 kg, acho que o senhor está um pouco acima, mas fique tranqüilo, pelo relatório o seu quadro é viral, não há sintoma de “avc”, blá, blá, blá.
Voltei para o pronto-socorro, lá o estudante-médico pediu que eu aguardasse a chegada da sua professora. Assim que ela chegou veio me ver e após uma nova sessão de tapas me liberou garantindo que não havia nenhum comprometimento maior, e que tudo não passava de um quadro viral.
Até aqui repousa boa parte da verdade, mas, meus amigos de Geografia não podiam deixar barato e soltaram uma versão, com adendo. No adendo afirmavam que o único tomógrafo capaz de suportar meu peso estava no Jardim Zoológico e pior, quando cheguei lá o elefante concordou em ceder a vez, mas o hipopótamo ao me ver ficou irredutível, com medo de que eu quebrasse a tal máquina.
Texto publicado em 31/1/05.

José Genoíno

Fui ao sacolão no Butantã no último domingo. Ao sair, por volta das 11 horas da manhã, vi uma figura solitária ao lado do carro, fumando.
Era José Genoíno.
Nem sombra daquele deputado eloqüente, com um carisma formidável, candidato a governador extremamente popular.
Amuado em seu canto, com medo do contato com seus antigos eleitores, era uma verdadeira sombra política.
Participei da primeira campanha de José Genoíno para deputado federal em 1982.
Tinha uma enorme admiração pela sua capacidade de oratória e pela sua história política. Naquela mesma eleição ele me decepcionou profundamente, senti-me traído, pois ele e sua turma abandonaram o candidato a deputado estadual, o operário Fernando do Ó. Ambos compunham uma "chapa" por assim dizer.
Enquanto nós carregávamos a candidatura de Genoíno na zona sul da cidade, ele fazia conchavos com políticos do tipo de Sérgio Santos e Paulo Diniz, populistas, que algum tempo depois abandonaram o PT.
Depois da campanha evitei contato com ele e seu grupo.
Durante minha militância no PT, que durou efetivamente até a metade da década de 90, vi o seu direcionamento para a direita partidária até a composição do tal "Campo Majoritário".
Ao olhar aquele homem grisalho, triste e amedrontado, olhei também para o meu passado militante.
Vi minha incapacidade de fazer política, minhas derrotas com mais um punhado de companheiros, incapazes de fazer o PT cumprir seu papel histórico de educar o povo brasileiro para a política.
Senti pena. Dele. De mim mesmo. Também do povo brasileiro.

Texto publicado em 08/11/05.
http://proftoni.zip.net/arch2005-11-06_2005-11-12.html

8.9.07

O Corinthians de volta às manchetes... policiais!

Texto no Terra Magazine, obra do Bob Fernandes, mas em conjunto com Juca Kfouri da Folha de S. Paulo, mostra parte do enredo que envolveu a MSI e o Corinthians.
Coisa de bandido, mas bandido manipulando muito dinheiro!
Sobra para todos: MSI, diretoria do Timão, jogadores, políticos – a turma do Zé Dirceu, só para variar – e até jornalistas.
A matéria começa assim:

Por mais que pareça ficção, o que se lerá aqui é uma história verídica, repleta de intrigas, mentiras, mas muitas mentiras mesmo, ciúmes entre homens, deslizes, traições, ameaças e, até, um romance numa alta corte da Justiça fluminense. O enredo passeia, ainda, por gabinetes bem próximos ao do presidente da República, no Palácio do Planalto, além do seu próprio gabinete.
Tudo resumido em um relatório da Polícia Federal com 72 páginas, produto de investigações e interceptações telefônicas feitas com autorização judicial. Este Editor-chefe de Terra Magazine e o colunista da Folha de S.Paulo Juca Kfouri tiveram acesso ao material, assim como, pelo menos, um dos advogados de pessoa citada.

Clique aqui para ler a matéria na íntegra.

7.9.07

Campanha pelo cancelamento da privatização da Vale

No boletim do MST desta semana:
UM CHAMADO AO POVO BRASILEIRO

Esta semana diversos movimentos sociais e entidades estão realizando um Plebiscito Popular para questionar o leilão, que em 1997, vendeu a Companhia Vale do Rio Doce. A venda foi realizada durante do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso e foi marcada por irregularidades que vão desde o subfaturamento da Companhia, vendida por 3,3 bilhões de reais, quando seu patrimônio à época estava avaliado em 40 bilhões de dólares, até o favorecimento ilícito de grupos. Hoje a Vale está sendo avaliada em cerca de 100 bilhões de dólares.
A privatização da Vale significou a privatização do patrimônio do povo brasileiro. Junto com a Companhia também foram vendidos os patrimônios materiais sobre os quais ela tinha concessão. A Vale tinha concessões públicas sobre a maior parte das reservas minerais do país, concessão de amplas extensões do nosso território. Somente ao redor da reserva mineral de Carajás havia uma concessão de 700 mil hectares de Floresta Amazônica. A Companhia também tinha concessão das três maiores ferrovias do país, a que liga Carajás a São Luiz, Belo Horizonte a Vitória e uma outra que liga o interior de Sergipe ao porto de Sergipe; além de ser concessionária de três grandes portos.
Todas essas obras não eram de propriedades da empresa. Foram construídas com dinheiro público, ou seja, de orçamento da União nos ministérios, portanto não cabia serem privatizadas. A Vale não se constituía em uma empresa comercial de propriedade do Estado, era na verdade uma empresa pública pertencente ao patrimônio de todo o povo brasileiro. Por essa razão é que jamais o governo FHC teria o direito de vender uma coisa que não era dele, mas sim do povo.
Ao longo dos últimos dez anos, vem se travando uma intensa batalha na Justiça pela nulidade do leilão da Vale do Rio Doce. As irregularidades acerca da venda da Companhia motivaram mais de cem ações populares na Justiça, 69 delas ainda estão em andamento. Mesmo antes da realização do leilão muitos juristas tentaram cancelar a venda. Mas na época tanto o Superior Tribunal de Justiça (STJ), como o Supremo Tribunal Federal (STF), eram totalmente coniventes com os interesses do governo FHC e o leilão somente pode se dar sob a condição de liminares dadas na calada da noite.
Os movimentos sociais, as entidades e as pastorais sociais, articulados na Assembléia Popular no final do ano de 2006, perceberam que, além da luta institucional, é preciso travar uma batalha cotidiana com a participação efetiva do povo. Afinal, o povo não foi consultado sobre a venda de seu próprio patrimônio, nem sequer o Congresso Nacional aprovou a venda da Companhia. Não se respeitou um princípio básico da nossa Constituição de 1988, que garante ao povo brasileiro o poder de tomar as decisões relativas à vida e ao futuro do país.
Além da questão sobre a Vale o plebiscito também aborda outros três temas: se o governo deve continuar priorizando o pagamento dos juros da dívida externa e interna; se a energia elétrica deve continuar sendo explorada pelo capital privado e se você concorda com uma reforma da previdência que retire direitos dos trabalhadores. A idéia é fazer do Plebiscito Popular uma ação cívica para o exercício da cidadania do povo brasileiro.
O Plebiscito faz parte da Campanha Nacional pela Nulidade do Leilão da Vale do Rio Doce. Campanha que está sendo organizada por mais de 60 entidades e movimentos sociais. A votação já começou. Em todo o país, estarão espalhadas urnas para coleta dos votos entre os dias 1° e 7 de setembro, Semana da Pátria. A data foi escolhida por ocasião do Grito dos Excluídos, que esse ano tem como tema “A Vale É Nossa – Queremos Participação no Destino da Nação”.
Nosso objetivo é pressionar pela nulidade do leilão que privatizou a Vale. Não podemos permitir que nossas riquezas naturais, como solo, minerais, água e ar sejam privatizadas. Não podemos permitir a entrega de nosso patrimônio material. Não podemos concordar com a premissa neoliberal de que o alto valor atribuído à Companhia hoje, seja fruto de sua privatização. Ao contrário temos provas concretas de que é possível uma empresa pública dar certo, como acontece com a Petrobras. Além disso, estamos certos de que uma empresa estatal não tem como primeiro objetivo dar lucro. O objetivo dela é o bem-estar da população.
Por tudo isso, queremos consultar o povo e convocamos cada amigo e cada amiga do MST a encampar também essa luta. Vote a favor do Brasil, a Vale é nossa, é do POVO BRASILEIRO!

Boa luta para todos e todas!

Saudações!
Direção Nacional do MST

PARA SABER COMO PARTICIPAR

Para saber como participar e ver locais de votação acesse a página:
www.avaleenossa.org.br
Assista aos vídeos da Campanha: Vídeo Parte 01 - Vídeo Parte 02 - Vídeo Parte 03

2.9.07

Licença sanidade mental

Só volto quarta-feira! Motivo: fechamento de notas trimestrais na escola, preparação de material para o cursinho e o blog do Guia Época Vestibulares 2008.