11.3.08

Viagem de formatura - por Rosely Sayão

11/03/2008
Viagem de formatura
Alguns internautas solicitaram abordar o tema das viagens de formatura. Apesar de, como observou uma leitora, eu já ter escrito sobre o assunto, vamos analisar sob outra perspectiva hoje.
Ante de tudo quero fazer um alerta aos pais e escolas: algumas – eu realmente não sei se algumas ou muitas – agências de turismo, que coordenam e organizam essas viagens, têm agido de modo nada adequado com os adolescentes. Algumas procuram saber quem são os alunos representantes ou líderes de sala e os aliciam – tanto no sentido de seduzir quanto no de oferecer suborno - para que façam o trabalho de convencer os colegas a querer o passeio.
Os recursos que elas oferecem são, pelo menos os que chegaram ao meu conhecimento: dar brindes de todos os tipos, oferecer a viagem de graça para quem consegue convencer certa quantidade de colegas a se inscreverem para a viagem, dar presentes e mordomias chamadas VIPs etc. Quando não dão esse passo, os agentes esperam os alunos na saída da aula e chegam com um discurso pra lá de persuasivo e sedutor. Vamos falar a verdade: fica bem difícil confiar filhos a agências que agem dessa maneira com os jovens, não é verdade?
Outra coisa: os monitores são muito jovens. Quase tão jovens quanto os próprios estudantes. Segundo um funcionário de uma das agências, isso é muito bom porque eles têm energia suficiente para acompanhar a moçada que adora virar a noite acordada. Com monitores tão novos os estudantes ficam bem à vontade e quase sem contenção alguma para seus impulsos e tentações.
Agora, vamos pensar na viagem em si como comemoração do fim de um ciclo. Festejar a finalização de uma etapa nos estudos é bem interessante, quase um rito de passagem: despedida de pessoas que conviveram por vários anos, confraternização com professores, comemoração com a família que tanto colaborou nesse trajeto etc. Mas a viagem não promove nada disso: é uma festa apenas para os colegas. Que, por sinal, vão para a viagem a fim de farrear. E só.
Sabemos que os ritos de passagem são cerimônias que ajudam no crescimento e amadurecimento de jovens que vencem etapas na vida porque apontam o que está por vir e facilitam a transição. As viagens, do modo como têm sido programadas, parece que colaboram para que os estudantes só vejam o que acabou e queiram se esbaldar nisso. Está mais para despedida de solteiro, que faz o homem desfrutar sem medida tudo o que está a renunciar, não é mesmo?
Creio que essas viagens só fazem sucesso porque nossa sociedade simplesmente aboliu os ritos de passagem tão úteis aos mais novos. Talvez seja este um bom momento para repensarmos nosso papel nessa questão.

Fonte: Blog da Rosely Sayão (clique aqui para ler na fonte)

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