30.11.07

41% da televisão privada é garantido por dinheiro público

Texto do Diário Gauche, da rede do SIVUCA:
Esta informação você jamais verá na chamada "mídia democrática" brasileira.
Uma pesquisa recente do Instituto de Estudos e Pesquisas em Comunicação (Epcom) mostrou que 1.604 prefeituras municipais de vários Estados brasileiros detêm outorga de retransmissão de canais de TV privados.
A informação é da Agência Pulsar Brasil.
Ao todo, estas prefeituras detêm 3.270 retransmissoras, das quais 95% estão conectadas às empresas privadas de mídia televisiva do País, especialmente a TV Globo.
As retransmissoras são estações de TV de abrangência local que reproduzem a programação das grandes empresas nacionais de mídia. Na prática, o que ocorre com isso é que os poderes públicos municipais estão usando infra-estrutura e dinheiro da sociedade para uma atividade empresarial privada.
Alguns exemplos encontrados pela pesquisa mostram como as grandes cadeias de mídia dependem das prefeituras para chegar ao país inteiro. Globo, Record, Bandeirantes, SBT e Rede TV! têm 41% em média de sua abrangência nacional garantidos por esta estrutura pública.
A pesquisa fez uma comparação com as empresas públicas de comunicação.
A TV Cultura de São Paulo e a Radiobrás têm 10% de sua abrangência nacional garantidos por prefeituras.
Para James Göergen, da Epcom, trata-se de uma situação de “exploração semi-privada das estruturas públicas”.
...........
Isto é um verdadeiro escândalo nacional. As empresas privadas de televisão conseguem aumentar em 41% da sua audiência graças a recursos públicos pingados de uma rede de retransmissoras bancadas por prefeituras municipais no Brasil todo.
A farra do circo privado é bancado pelo dinheiro público. O lixo televisivo é financiado parcialmente pelo recurso desviado da saúde, da educação, e do saneamento básico das populações mais desassistidas do Brasil profundo.
A democracia substantiva e horizontal no Brasil jamais será possível com um quadro injusto e desigual desses. Fica demonstrado o arcaísmo pré-republicano das relações entre Estado e meios de comunicação de massas, onde estes, mesmo proclamando-se modernos e up to date tecnologicamente, ainda usam infra-estrutura de instâncias paupérrimas do Estado, que são as prefeituras municipais de localidades remotas do País.
O presidente Lula já está há quase cinco anos no poder e ainda não moveu uma só palha para modificar esse quadro aberrante e atrasado.
Leia o texto original no blog Diário Gauche.

29.11.07

Brasil é o 76º em ranking de educação

Abaixo longo, mais necessário, texto extraído da página da ONU no Brasil, tratando de um dos temas mais relevantes, em minha opinião, para o mundo: educação.

Brasil é 76º em ranking de educação

Paris/Nova Iorque 29 de novembro – O número de crianças começando a educação primária cresceu muito desde 2000, há mais meninas na escola do que antes e gastos com educação e auxílio subiram. Essas são as boas notícias, de acordo com a sexta edição do
Relatório de Monitoramento Global do Educação para Todos (EPT) lançado pela UNESCO hoje (leia, na íntegra do relatório, informações sobre o Brasil). No entanto, o lado negativo é que os altos custos do ensino e persistentes níveis altos de analfabetismo de adultos estão prejudicando as chances da educação para todos* ser atingida até 2015.
“Estamos no caminho certo, mas quando sistemas de educação se expandem, eles enfrentam desafios mais específicos e complexos”, diz Koichiro Matsuura, Diretor-Geral da UNESCO. “O relatório mais recente do EPT identifica esses desafios claramente: atingindo os mais vulneráveis e desfavorecidos, melhorando as condições de aprendizagem e aumentando o auxílio”.
“Nesse meio do caminho, a nossa avaliação tende a ser positiva, mas ainda há muito o que fazer para que as metas sejam atingidas até a data alvo de 2015. Os países e regiões mais distantes do compromisso de educação para todos avançaram muito mais rápido do que na década de 90,” diz Nicholas Burnett, diretor do relatório de 2008 e recentemente nomeado Diretor-Geral Assistente de Educação. “Boas políticas nacionais e maior gasto doméstico apoiado por auxílio externo estão claramente fazendo a diferença na vida de milhões de crianças, como por exemplo, em Burquina Fasso, Etiópia, Índia, Moçambique, República Unida da Tanzânia, Yemen e Zâmbia.”
Esse relatório mostra que a matrícula em escolas primárias aumentou 36% na África Sub-Sahariana e 22% no Sul e Oeste da Ásia entre 1999 e 2005. Governos em 14 países abolirão a cobrança de taxas para a educação primária, uma medida que favoreceu o acesso para os mais desfavorecidos. No mundo inteiro o número de crianças fora da escola reduziu drasticamente de 96 milhões para 72 milhões em 2005.
Países onde matrículas em escolas primárias subiram muito geralmente aumentaram seus gastos com educação em relação ao PNB. Gastos públicos em educação aumentaram mais de 5% anualmente na África Sub-Sahariana, e no Sul e Oeste da Ásia, as duas regiões mais distantes em relação ao Educação para Todos.
Entre 1999 e 2005, mais 17 países atingiram a paridade de gênero na educação primária, com um número igual de meninos e meninas freqüentando a escola. Dentre esses estão inclusos Gana, Senegal, Malaui, Mauritânia e Uganda; 19 países atingiram paridade na educação secundária, dentre eles, Bolívia, Peru e Vietnam. Como conseqüência, a paridade de gênero em educação foi atingida em 63% dos países no nível primário e 37% no nível secundário em 2005.
Auxílio para a educação básica em países de baixa renda mais do que dobrou entre 2000 e 2004 antes de cair em 2005. Em 2005, países de baixa renda receberam US$ 2.3 bilhões para a educação básica, uma quantia mais alta do que os US$ 1.6 bilhões recebidos em 1999.
Mesmo com esse progresso animador, a linha de chegada permanece distante. O Índice de Desenvolvimento do Educação para Todos (EDI), calculado para 129 países, mostra que 25 desses estão longe de atingir o EPT. Aproximadamente dois terços desses países estão na África Sub-Sahariana, mas Bangladesh, Índia, Nepal, Mauritânia, Marrocos e Paquistão também estão inclusos. (O relatório avisa que o número de países com baixos resultados seria maior se dados estivessem disponíveis para todos os países, incluindo países em conflito ou pós-conflito com baixos níveis de desenvolvimento educacional).
Cinqüenta e três países estão em posição intermediária. Nesse grupo, as taxas de participação na educação primária são freqüentemente altas, mas a baixa qualidade da educação e baixos níveis de alfabetismo em adultos fazem com que o valor do EDI caía. Adicionalmente baseado em projeções das tendências atuais, 58 dos 86 países que não atingiram a educação primária universal não irão atingi-la até 2015.
Enquanto isso, meninas ainda correspondem por 60% das crianças fora da escola nos Estados Árabes e 66% no Sul e Oeste da Ásia. As projeções com base nas tendências atuais mostram que o objetivo de eliminar as disparidades de gênero nos níveis primários e secundários da educação não será atingido até 2015 em mais de 90 dos 172 países. (Em vários países, especialmente na América Latina, Caribe, América do Norte e Europa Ocidental, isso é porque há um maior número de meninas do que meninos na educação secundária.)
O custo continua a limitar o acesso. Mesmo com as provisões constitucionais na maioria dos países que garantem educação primária gratuita, a maioria das crianças em escolas primárias públicas sofre algum tipo de cobrança, que de vez em quando pode representar até um terço da renda domiciliar.
A baixa qualidade da educação é uma questão global que está recebendo uma crescente atenção política. Entre os países em desenvolvimento em especial, o desafio de melhorar a qualidade envolve lidar com as altas taxas de evasão, baixo desempenho dos alunos, falta de professores e tempo de ensino insuficiente. Mesmo que a proporção tenha melhorado um pouco desde 1999, menos de 63% de alunos chegaram à última série da escola primária em 17 países da África Sub-Sahariana que possuem dados disponíveis, enquanto menos de 80% conseguiram o mesmo em países do Sul e Oeste da Ásia. Em vários países africanos menos da metade dos alunos que começaram a educação primária chegam à última série. Ainda mais, avaliações de aprendizagem nacionais em vários países em desenvolvimento indicam que até 40% dos alunos não atingem um padrão de educação mínimo em matemática e na alfabetização.
Para lidar com o aumento de matrículas, a maioria das regiões em desenvolvimento enfrenta a necessidade de contratar novos professores. No total, o mundo necessitará de 18 milhões de novos professores para a educação primária até 2015. A África Sub-Sahariana, o Leste, Sul e Oeste da Ásia, como também a região do pacífico precisarão de quase quatro milhões de novos professores para a educação primária.
Muitos países na África Sub-Sahariana dependem de professores temporários para preencher lacunas. Algumas vezes esses professores podem corresponder a 50% de todos os educadores, eles normalmente recebem menos treinamento e salários mais baixos do que suas contrapartes, servidores públicos de carreira. O relatório solicita políticas para atualizar e profissionalizar professores temporários sem treinamento, para que esses possam, a longo prazo, serem integrados à carreira.
O relatório lamenta que governos nacionais e doadores tenham focalizado na educação primária formal ao custo de programas para a primeira infância e de alfabetização de adultos. Esses programas têm um impacto direto na educação primária universal, paridade de gênero e redução da pobreza. Crianças das famílias mais pobres são as que mais se beneficiariam dos programas de educação e de atendimento a criança. Mesmo com medidas em vários países para expandir o acesso a educação pré-primária, os níveis de participação permanecem abaixo de 20% nos Estados Árabes e na África Sub-Sahariana, e abaixo de 40% no Sul e Oeste da Ásia em média.
O relatório identificou que governos também estão negligenciando a alfabetização para adultos: no mundo inteiro, 774 milhões de adultos – quase 1 em 5 – carecem de habilidades básicas de leitura e escrita. Mais de três quartos desses adultos vivem em apenas 15 países. A alfabetização das mulheres em especial tem uma forte influência na educação e saúde de uma criança, mesmo assim elas ainda correspondem por 64% dos adultos analfabetos no mundo inteiro. Baseado nas tendências atuais, 72 dos 101 países para quais projeções foram calculadas não terão êxito em reduzir pela metade as taxas de analfabetismo até 2015.
Financiamento externo para educação básica permanece em uma quantia bem menor do que os US$ 11 bilhões anuais necessários para que o EPT seja atingido por países de baixa renda. Essa quantia insuficiente tem como alvo países da África Sub-Sahariana e países que enfrentam situações de fragilidade. A França, Alemanha, Japão, os Estados Unidos e o Reino Unido são os cinco maiores doadores para a educação, mas os três primeiros alocam menos de um terço de seu auxílio para o nível básico. Esse relatório indica que muitos dos doadores estão colocando uma prioridade excessiva em educação pós-secundária.
A maioria dos países que atingiram o EPT, ou que estão perto disso estão localizados na América do Norte e Europa, mas essa categoria também inclui a Argentina, Brunei Darussalam, Bahrain, México e a República da Coréia. A Noruega se encontra no topo do Índice de Desenvolvimento do Educação para Todos, seguida pelo Reino Unido, Eslovênia, Suécia, República da Coréia e Itália.
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O Relatório completo, relatório resumido e informações adicionais estão disponíveis na www.efareport.unesco.org
* O Relatório de Monitoramento Global do EPT é uma publicação anual preparada por uma equipe independente da UNESCO. Eles monitoram o progresso dos seis objetivos do Educação para Todos adotados em Dakar, Senegal, em 2000:
1) expandir e melhorar atendimento e educação para a primeira infância.
2) fornecer educação primária universal gratuita e obrigatória até 2015.
3) eqüidade de acesso a programas de aprendizagem e de habilidades para a vida.
4) melhorar em 50% as taxas de alfabetização de adultos.
5) eliminar disparidades de gênero em educação primária e secundária até 2005 e em todos os níveis até 2015.
6) melhorar todos os aspectos de qualidade na educação.
UNESCO como a agência coordenadora líder do movimento Educação para Todos está mobilizando e harmonizando esforços internacionais de governos, agências de desenvolvimento, sociedade civil, organizações não-governamentais e mídia para atingir esses objetivos.
Fonte: Nações Unidas no Brasil

Mais clareza e menos leguleios

O texto abaixo está no Valor Econômico de hoje:

No momento em que uma sociedade está passando por uma transformação política, é muito difícil entender as razões e o conjunto de forças que empurram os atores para posições extremas. Mas não é tão complicado definir as responsabilidades por enormes mudanças de rumo dos atores institucionais, como governos e partidos, e, neles, de pessoas com grande capacidade de liderança interna ou peso eleitoral capaz de submeter interesses de seu partido, ou de um governo. Nesses momentos, o protagonismo das crises e das mudanças torna-se público, até porque tem uma função de propaganda, de convencimento dos seus pares (num partido) ou de um setor social mais amplo - seu papel político é aparecer nas páginas dos jornais, moldar opiniões, confrontar adversários.
A introdução é um pouco longa para justificar uma ignorância - onde o PSDB quer chegar? - e apontar um protagonismo - onde o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quer que o PSDB chegue? Por enquanto, a conclusão que se chega, juntando as duas pontas, é surpreendente: o PSDB é um partido que já esteve no poder e tem os candidatos com maiores chances de suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010. Introjetou, no entanto, um perfil de partido parlamentar que, sem chances de chegar ao poder pelo voto, radicaliza o discurso e aposta na desestabilização política, como se precisasse de forças "de fora" da institucionalidade para chegar à Presidência. FHC tem grande contribuição na formatação desse perfil partidário que se, em 2006, já reduziu as suas chances de vitória, em 2010 pode comprometer as chances, agora grandes, do partido voltar ao poder.
Nas crises de 1954, 1955, 1961 e 1964, a UDN, como um partido, foi empurrado, especialmente pelo jornalista Carlos Lacerda, para a estratégia de desestabilização de regimes instituídos pelo voto. A UDN era um partido que não conseguia superar o favoritismo da aliança PSD-PTB; Carlos Lacerda era o candidato que, fortemente apoiado numa classe média conservadora, tinha ambições presidenciais, mas não conseguia arregimentar mais do que uma classe média conservadora (além de uma classe alta conservadora) com um discurso elitista, anticomunista e passional. A intencionalidade golpista do partido e de seu maior líder (ou o mais barulhento) não era obscura. Em 1954, em contenda para depor Getúlio Vargas (PTB), o ex-ditador que havia voltado ao poder pelo voto, o embate era pessoal.
O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jorge Ferreira, no artigo "Crises da República: 1954. 1955 e 1961" (in "O Brasil republicano: o tempo e a experiência democrática", org. dele e de Lucilia de Almeida Neves Delgado), cita frase do udenista Herbert Levy que resume o que foi a campanha de desqualificação pessoal de Vargas: "O Sr. Getúlio Vargas passou a representar para os brasileiros o que pode haver de pior em matéria de caudilhismo; o corruptor por excelência, o ambicioso do poder a qualquer preço, o acolitador dos desonestos, dos violentos, dos deformados moralmente". Em 1955, já de antemão derrotada pela aliança PSD-PTB (consubstanciada na candidatura de Juscelino Kubitschek, do PSD, à Presidência, e de João Goulart, do PTB, à vice), a UDN tirou do bornal uma carta grosseiramente falsificada onde um deputado argentino trataria com Goulart da venda de armas para a formação de supostas "brigadas de choque obreiras" no Brasil. Em 1961, quando o governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, resistiu à tentativa militar de não dar posse a Jango, depois da renúncia de Jânio Quadros, udenista por acaso, Lacerda, já governador do Rio, estampou na primeira página do seu jornal, "A Tribuna da Imprensa": "Denys, agora é escolher: comunismo ou democracia". Denys era Odílio Denys, o ministro da Guerra, e Lacerda pedia a consumação do golpe.
Tudo isso é passado. Não se quer aqui atribuir intenções golpistas ao PSDB. Apenas mostrar que, de forma incongruente à sua condição de partido com chances de chegar ao poder pelo voto, ele tem assumido cada vez mais o discurso de quem pede ajuda "de fora". FHC é o porta-estandarte desse discurso. Incluiu na trouxa de tudo o que já falou de politicamente incorreto contra um presidente legitimamente eleito algumas pérolas a mais, no 3º Congresso do PSDB. A mais grosseira foi de novo "acusar" Lula de ter menos anos de escola que os ilustrados tucanos, ele, FHC, principalmente. A mais grave, no entanto, é a insistente tentativa de associar Lula ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. A "denúncia" da articulação de um terceiro mandato para Lula é insuflada pelos tucanos mais radicais, porque essa "intenção" transformaria o petista em Chávez, naquele que não quer sair do poder e o manipulará em favor de sua manutenção na Presidência por tempo indeterminado. FHC seria aquele que denuncia a intenção. Disse ele: "Hitler foi eleito, Mussolini foi eleito, nas ditaduras, Stálin foi eleito. Não é suficiente ter eleições para ter democracia" (...) "Eu não estou acusando. Estou dizendo que existe o risco [do terceiro mandato]. E este risco está no ar, e mais do que no ar, está em ações que começam a se organizar" (...) "Espero que o presidente Lula, com mais clareza do que disse até agora, com menos leguleios para justificar o companheiro da Venezuela, diga: 'sou contra'."
Pela lógica, e partindo do princípio de que o PSDB não tem razões para assumir a estratégia da desestabilização para conseguir chegar ao poder - pois ela pode desestruturar candidaturas suas com chances reais de vitória - FHC e os tucanos mais radicais estão tirando do baú um modelo que não serve e não serviu ao país, e não convém ao partido. Supõe-se, então, que em algum momento o PSDB vai se rearticular com um outro perfil - pode até permanecer à direita, mas resolverá a confusão em que se meteu, de achar que ser oposição é desestabilizar um poder constituído, que vai naturalmente mudar de mãos pelo voto se a democracia for mantida. Mas existe o risco de isolar-se abraçado a uma classe média mais conservadora, como Lacerda e a UDN no passado, e, indispondo-se com o eleitor, afastar a possibilidade de conquistar o poder pelo voto - o que provocaria um acirramento dessa posição. Lacerda, reconheçamos, foi melhor nisso. Ainda bem.
Maria Inês Nassif é editora de Opinião. Escreve às quintas-feiras
O texto está disponível (só para assinantes) aqui.

Brasil está entre piores em lista de educação da OCDE

Texto extraído do site da BBC Brasil:
O Brasil é um dos países com pior nível de educação de ciências para estudantes de 15 anos, segundo uma lista de 57 países organizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
De acordo com a lista, a ser publicada em detalhes na semana que vem, o Brasil fica a frente apenas da Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Catar e Quirguistão.
O estudo testou as habilidades de mais de 400 mil estudantes nos 57 países que, juntos, correspondem a cerca de 90% da economia mundial.
Os estudantes da Finlândia ficaram em primeiro lugar, seguidos pelos de Hong Kong (na China) e do Canadá.
A pesquisa, baseada em testes realizados em 2006, é o principal instrumento de comparação internacional do desempenho entre estudantes do ensino médio.
Conhecimento e aplicação
O teste mediu basicamente o conhecimento de ciências, mas também mediu a capacidade de leitura e incluiu noções de matemática, e como os estudantes aplicavam esse conhecimento para resolver problemas do dia-a-dia.
O estudo afirma que os resultados têm confiabilidade de 95% e que o Brasil estaria entre as posições 50 e 54 da lista.
Ao comentar a lista, o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, disse que ela é uma ferramenta para ajudar os governos a definir suas políticas de educação.
“Na economia global competitiva de hoje, educação de qualidade é um dos bens mais valiosos que a sociedade e um indivíduo podem ter”, disse ele.
Segundo Gurría, “a lista é muito mais do que um ranking. Ela mostra o quão bem os sistemas de educação individuais estão equipando os jovens para o mundo de amanhã. Antes de mais nada, mostra aos países seus pontos fracos e fortes.”
O estudo sobre educação da OCDE é publicado a cada três anos. O documento completo será publicado no próximo dia 4 de dezembro.

Clique aqui para ler o artigo na sua versão original.

Por que não leio Veja

Reproduzo abaixo a íntegra de um texto do Mino Carta publicado no seu blog hoje:

Respondo ao companheiro de navegação Henrique Vianna. Nada sei a respeito de entrevista de Saulo Ramos à Veja, publicação que não leio. Aliás, cuido de não ler, em benefício da zona miasmática situada entre o fígado e a alma. Aproveito a oportunidade que você me oferece, para esclarecer minhas razões: a Veja, que se apresenta como uma das maiores do mundo por causa de sua tiragem, de fato alentada, é uma da provas da indigência mental da chamada classe média nativa. Sem falar dos abastados. Estão aí os leitores de cabresto, incapazes de perceber o péssimo jornalismo praticado pela revista da Abril, de um reacionarismo ignóbil, facciosa além da conta e extraordinariamente mal escrita. Somos uma nação desimportante, a despeito das incríveis potencialidades da terra, exatamente por causa desta pretensa elite, que repete o besteirol da Veja, da Globo e dos jornalões. Não perco as esperanças, por que ainda confio na cultura dos desvalidos. Mais cedo, ou mais tarde, vingará. Provavelmente, mais tarde. Sinto, apenas, que então já não estarei por aqui.

Clique aqui para conferir o texto original.

28.11.07

Fuvest 2008

A prova da Fuvest de 2008 mostrou um lado conservador extremado.
Ano passado a prova apresentou uma novidade: questões interdisciplinares, reconhecidamente com insucesso. Neste ano a coisa piorou bastante, pois a interdisciplinaridade não contou nem mesmo com ferramentas de duas ou mais disciplinas, mas cada uma das 9 questões apresentadas pode ser encaixada dentro de uma única disciplina.
Todos os professores sabem que a interdisciplinaridade não é uma prática fácil, mas a USP deve ter profissionais capacitados para elaborar questões neste formato. Caso não os tenha não deve se meter a fazê-lo, pois pagará “mico pedagógico”, como fez na prova deste ano.
De resto foi um show de conservadorismo. Fórmula, cálculos e receitas prontas. Um aluno com boa memória deve ter obtido grande sucesso, mas o aluno que pensa deve ter encontrado algumas dificuldades, tal a quantidade de detalhes exigidos nas diversas disciplinas.
Atendo-me a minha praia, Geografia, a decepção foi enorme também. Prova tradicional, nos moldes daquela Geografia “decoreba”, bem ao gosto da Ditadura Militar, com raras questões mais inteligentes ou atuais.
Não sou contra provas tradicionais, sou contra provas burras e esta foi, sem sombra de dúvidas.
Clique aqui e veja a prova da Fuvest e a resolução comentada pelos professores do Cursinho da Poli.

25.11.07

Garimpagem do final de semana

Dentre as leituras colhidas em blogs, recomendo as que seguem abaixo.
Começo com um belo texto do Roy Frenkiel, do blog Individualismo: War.
Começa assim:
O mundo parece determinado a combater seus males através das guerras. São tantas, que não duvido serem maiores e mais perigosas do que as dos séculos passados. A linguagem classifica ações intensas, agressivas e, às vezes, bem organizadas com o intuito único de destruir. Nesse mesmo idioma, não há espaço para construir ou direcionar.
A seguir, uma modesta lista das guerras atuais:
Clique aqui para concluir a leitura.

Já no Blog do Cássio o papo é sobre Tropa de Elite:
Fascista, violento, desnecessário, real, fantástico, forte concorrente ao Oscar, e etc... Muitas já foram as palavras usadas para descrever o filme do momento. Com bastante atraso chegou a minha vez de ver o filme e também exprimir a minha opinião. Penso que o filme é um grande “f*-se!”.
Leia o texto clicando aqui.

Marconi Leal continua hilário, leitura obrigatória para aliviar o fígado, prova provada é o seu texto: INJEÇÃO DE BENZETACIL (UM RELATO DE EXPERIÊNCIA PARA USO DOS PÓSTEROS). Leia uma amostra:
Disse Cícero em certa ansa: “A dor pode ser severa ou suave. Quando suave, é facilmente suportada. Quando severa, é sem dúvida breve”. Donde podemos tirar três conclusões. Em primeiro lugar, que eu preciso consultar o dicionário para descobrir o significado da palavra “ansa”. Em segundo lugar, que provavelmente o orador romano usou a frase na tentativa de convencer sua parceira a fazer sexo anal. E, por fim, que para ter uma idéia tão equivocada a respeito da dor, ele nunca havia tomado uma injeção de Benzetacil.
Para concluir a leitura clique aqui.

No ótimo Vi o Mundo, blog do jornalista Luiz Carlos Azenha, o tema é o programa do Jô tratando das mulheres angolanas e seus hábitos sexuais. Uma entrevista horrorosa, com duas pessoas horrorosas, uma delas o próprio Jô Soares. A matéria do Azenha tem o seguinte título: Os mumuilas de Angola e o polêmico programa do Jô, começa assim:
Os mumuilas são um grupo nômade, sobre os quais muito pouco se sabe mesmo no país africano. Existem pouquíssimas referências a eles na literatura.
Em "Teologia e Cultura Africana no Contexto Sócio-Político de Angola", o autor José Quipongo dá uma breve descrição, curiosamente com o mesmo viés usado pelo escritor Ruy Moraes e Castro, que deu entrevista a respeito dos mumuilas no programa do Jô Soares:
"A mulher mumuila, cuja estética natural do seu busto se apresenta parcialmente nua, é um real deslumbre e encanto para os olhos dos visitantes daquela zona sul de Angola", diz Quipongo.

Imperdível, com link para a nojenta entrevista! É só clicar aqui para ler toda a matéria.

Uma não notícia na Folha de S.Paulo

Ao abrir o portal UOL e ler a manchete que dá título à matéria reproduzida abaixo, enchi-me de esperança: finalmente a Folha de S.Paulo fará um mea culpa, embora, reconheçamos, ela tem dado o tratamento mais próximo do correto dentre os órgãos da grande mídia, exceção feita à CartaCapital.
Sim, pois é flagrante a diferença de tratamento que a mídia vem dispensando aos dois episódios destacados: o “mensalão do PT” e o “mensalão mineiro”, a começar pelo batismo dos mesmos. Reparem que um tem partido e outro tem apenas o gentílico do estado de origem.
Avidamente dediquei-me a ler.
Já no primeiro parágrafo percebi do que se tratava. A crítica não era para a imprensa, mas sim para o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, em razão do indiciamento de Azeredo e do não indiciamento do presidente Lula.
Ao longo da matéria ela mesma explica a razão dessa diferença de tratamento: escutas, documentos, indícios claros etc.
A notícia é uma não-notícia. Quem lê o primeiro parágrafo, instado pela chamada, conclui que o procurador-geral protegeu Lula, afinal foi indicado por ele, ao mesmo tempo em que exagerou na dose com o senador Eduardo Azeredo, um pobre coitado da oposição.




Tratamentos a Lula e Azeredo contrastam

RUBENS VALENTE

da Folha de S.Paulo

O procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, tratou de forma contrastante as eventuais responsabilidades do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do então governador de Minas Gerais e hoje senador, Eduardo Azeredo (PSDB), pelos dois esquemas montados por políticos com apoio do publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza – mensalão petista, ativo entre 2003 e 2005, e o valerioduto tucano de 1998.
Seguindo a lógica da CPI dos Correios, cujo comando estava nas mãos da base aliada, Souza isentou Lula de qualquer acusação. Na denúncia que o procurador apresentou ao STF (Supremo Tribunal Federal), em abril de 2006, o nome do presidente é citado apenas três vezes e sua conduta sequer foi avaliada. Lula nunca foi ouvido formalmente pelo procurador.
Diversos trechos de depoimentos prestados por personagens da crise que citavam o presidente deixaram de constar da denúncia final. O ex-governador Marconi Perillo (PSDB-GO), por exemplo, que disse ter advertido Lula, em 2004, nunca foi interrogado pelo procurador. O que ele disse à imprensa e repetiu em carta enviada ao Conselho de Ética da Câmara não consta da denúncia.
O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) afirmou ter alertado Lula, também pessoalmente, em janeiro de 2005, mas não houve uma ordem presidencial para abertura de inquérito na Polícia Federal. O caso só começou a ser investigado pela PF quase seis meses depois, a partir da entrevista de Jefferson à Folha. O procurador-geral passou ao largo desse silêncio presidencial.
Em novembro de 2006, Souza afirmou, em entrevista à Folha: "Até agora, não apareceu a participação dele [Lula]. Não quero dizer que não possa aparecer. Nós estamos apurando os fatos. (...) Só posso fazer acusações se eu puder apresentar elementos concretos. Se eu não fizer denúncia consistente, o STF não vai recebê-la".
Diferentemente do tratamento dado a Lula, Azeredo foi acusado de peculato e lavagem de dinheiro. A denúncia levanta um amplo leque de indícios e seu nome aparece 167 vezes no documento de 89 páginas.
No entender do procurador, Azeredo "foi o principal beneficiário do esquema implementado". O mesmo, numa certa interpretação jurídica, poderia ser dito sobre Lula. Mas contra Azeredo, segundo o procurador, há vários indícios que o jogam no centro da trama.
Um é a confirmação de conversas pessoais e por telefone entre Valério e Azeredo – as investigações sobre o mensalão, ao contrário, não apontaram contatos entre Lula e o publicitário. Eles ocorreram entre Valério, José Dirceu e o ex-tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares. A CPI dos Correios detectou pelo menos 72 telefonemas entre Azeredo e Valério e suas empresas de publicidade.
Outro ponto que põe em xeque a conduta de Azeredo foi uma movimentação política ocorrida em 2002 que o procurador chamou de "operação abafa" para supostamente impedir que o ex-tesoureiro do senador, Cláudio Mourão, denunciasse as irregularidades da campanha eleitoral de 1998.
Em outubro daquele ano, Mourão passou a cobrar de Azeredo, judicialmente, R$ 1,5 milhão para quitar supostas dívidas de campanha. Parte do débito foi paga a partir de uma triangulação entre Marcos Valério, o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia e o próprio Azeredo, que aparece como avalista de um empréstimo no Banco Rural usado para cobrir o pagamento.
Depois do depósito na conta de uma empresa ligada a Mourão, surgiu outro documento: uma lista assinada por Mourão e entregue à Polícia Federal e à imprensa pelo lobista Nilton Monteiro, que também havia trabalhado na campanha de Azeredo. O papel, cuja autenticidade foi atestada por peritos do Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília, diz que Azeredo recebeu R$ 4,5 milhões para "compromissos diversos (questões pessoais)".
Para o procurador, "todas as provas coletadas na fase pré processual revelam que o esquema verificado em Minas Gerais no ano de 1998, para financiar clandestinamente a disputa eleitoral, foi planejado e executado, sem prejuízo do envolvimento de outras (denunciadas nesse momento ou não), pelas seguintes pessoas: Eduardo Azeredo, Walfrido dos Mares Guia, Clésio Andrade, Cláudio Mourão, Eduardo Guedes, Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Hollerbach".

Clique aqui para ver a matéria no site da Folha Online.
A capacidade da Folha em manipular está passando dos limites!
Não estou inocentando Lula, ou condenando Azeredo, o problema aqui é da mídia.
Nas entrelinhas podemos perceber a grande frustração da Folha de S.Paulo: eleição e reeleição de Lula e a consequente derrota dos seus candidatos.
Como dizem os bons jornalistas este é um dos melhores exemplos de como a grande mídia briga com a notícia.

24.11.07

FUVEST

Amanhã é dia de FUVEST.
Desejo a todos que prestarão esse exame muito sucesso.
Tranqüilidade acima de tudo, organização mental e domínio sobre o relógio, são alguns segredos para se dar bem, além de uma ótima preparação intelectual.
Se ainda precisar de informações é só clicar aqui.

23.11.07

Algumas músicas para alimentar a alma

Músicas para sentir saudades, às vezes até mesmo daquilo que não vivemos, mas com certeza saudades de um tempo maravilhoso que não volta mais. Dele somente as lembranças, algumas amargas, outras felizes; encontros e desencontros; amores e ódios; acima de tudo, muita saudade, daquela que aperta o peito até vazar pelos olhos numa torrente de lágrimas.

Chico Buarque e Miúcha
Maninha

É como se o tempo pudesse voltar! Lembro-me da adolescência, ouvindo música de boa qualidade com os amigos lá na bela cidade de Varginha, Sul das Minas Gerais.
Gostava de Chico, Elis e quase tudo da MPB. Esses mesmos amigos me apresentaram também ao rock de boa qualidade (Pink Floyd, The Doors, Genesis etc.).

Elis Regina
Fascinação
A melhor intérprete que a música brasileira já viu! Linda, uma voz que fazia viajar. Esta música me faz chorar sempre. Lembra-me o palco, o teatro, um tempo muito bom que vivi e guardarei para sempre na memória e no coração.

Zizi Possi e Chico Buarque
Pedaço de Mim
Chico é poeta dos bons e Zizi Possi ocupa um lugar de destaque no Olimpo das nossas cantoras. Essa música então, é inesquecível!

Maysa
Ne me quitte pas
Sem comentários! Quem, acima dos 45, não tomou vários porres ouvindo Maysa? Que voz, que interpretação... Seu repertório exala dor por todos os poros.

Mônica Salmaso & Pau Brasil
Beatriz
A música é soberba! É de uma delicadeza ímpar! Mônica Salmaso é praticamente uma criança nesta seleção que apresento, mas canta como gente grande, e de primeira grandeza.

Geraldo Vandré
Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
Meu hino e de várias gerações que amam este país e querem vê-lo fazer bem a todos os seus filhos.

Jair Rodrigues
Disparada
Outro hino! Jair Rodrigues é meu ídolo de infância, isso quando tinha 3 anos e vivia cantando, segundo minha mãe, “deixa que digam, que falem, não estou fazendo nada...”.

Marisa Monte e Paulinho da Viola
Carinhoso
Quanto à música sem comentários, quanto aos intérpretes, falar o quê? Uma das canções mais lindas que já ouvi em minha vida, embalou namoros de muitos de nós, foi trilha para muitos primeiros beijos, do tempo que nos bailes a gente dançava como se estivesse amando.

Gonzaguinha
É – O que é, o que é
Coisa fina! Brilhante! Impossível falar das aflições, sonhos e desejos que tal música me traz, realmente sem palavras!

22.11.07

Do blog Vi o Mundo

Já abusei do “control V” por hoje, portanto agora segue a recomendação de leitura de um dos melhores jornalistas da atualidade: Luiz Carlos Azenha do blog Vi o Mundo.
O cara é fera nas análises e como construiu um caminho que parece não necessitar de financiamentos do tipo “troca-se caráter por contracheque”. Tece artigos ótimos, aproveitando-se como poucos da Internet e dando voz ao contraditório, algo tão precioso ao bom jornalismo, mas abandonado pela mídia grande “picareta”.
Abaixo o início de um texto publicado hoje:

Pela lógica do Estadão, o governador de Minas Gerais e candidato à reeleição, Eduardo Azeredo, do PSDB, era subalterno de Walfrido dos Mares Guia, do PTB, vice-governador que era "um dos organizadores da campanha" de Azeredo, segundo a denúncia apresentada hoje ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral da Justiça.

O artigo é imperdível, clique aqui para lê-lo na íntegra.

Documento defende a democratização da mídia no país

Participantes do Fórum Internacional: Mídia Poder e Democracia, realizado de 12 a 14 de novembro, em Salvador, Bahia, divulgam documento criticando o caráter concentrador, oligárquico e antidemocrático do sistema de comunicações no Brasil.

Redação - Carta Maior

SÃO PAULO - Estudiosos, professores, estudantes, profissionais, políticos e militantes da sociedade civil, reunidos em Salvador nos dias 12, 13 e 14 de novembro de 2007 no Fórum Internacional: Mídia, Poder e Democracia divulgaram um documento final do encontro defendendo a democratização do sistema de comunicações no Brasil. A íntegra do documento é a seguinte:

Clique aqui para ler o documento.

Quem quer doutrinar quem?

Hoje estou sem inspiração e por isso resolvi me dedicar ao “control C”, “control V”.
Abaixo mais um texto brilhante da professora Adriana Facina! É exemplar do tratamento que a grande mídia oferece aos assuntos sérios. Foi publicado no blog Fazendo Média (linkado no menu lateral), blog este de ótima qualidade e que visito com freqüência. Clique aqui para ler o texto na publicação original.



Que história é essa?

Não digas tão exatamente teu nome. Para quê?
Ao fazê-lo, estarás apenas nomeando um outro.
E para que exprimir tão alto a tua opinião? Esquece-a. Qual era mesmo?
Não te lembres de uma coisa por mais tempo do que ela própria dura.
Bertolt Brecht (trecho da peça "Um homem é um homem")

Quando Brecht escreveu o texto acima, em 1925, sintetizou, antes do tempo, a essência da visão da história sob o pensamento único. Nos anos 1990, quando o neoliberalismo se impôs vitorioso sobre os escombros de um capitalismo que se queria humanizado e sobre as ruínas do “socialismo real”, seus arautos defenderam a idéia de que, finda a Guerra Fria, as disputas ideológicas que deram sentido à história do século XX teriam se esvaziado. Assim, numa leitura muito particular de Hegel, o teórico conservador Francis Fukuyama anunciou o fim da história, associado ao triunfo do capitalismo liberal. Livre de ameaças totalitárias, a humanidade poderia caminhar tranqüila nas sendas do progresso, liberta do peso do passado e sem necessidade de projetar um futuro distinto do presente.
Mais de uma década se passou desde a divulgação dessas idéias. A ampliação da desigualdade social, o ressurgimento de movimentos fascistas em todo o mundo, a destruição do emprego e das redes de bem estar social, muitas crises econômicas e o recrudescimento do militarismo imperialista explicitaram a falência do modelo neoliberal em garantir, via mercado auto-regulado, a felicidade humana. Como resposta, o surgimento de movimentos antiglobalização, o crescimento de movimentos sociais com bandeiras anticapitalistas, tentativas de reorganização da classe trabalhadora em tempos de precarização do trabalho, eleição de governos populares na América Latina, ressurgimento de movimentos nacionalistas de caráter antiimperialista. Além disso, um sentimento anti-estadunidense amplamente difundido no mundo que, ainda que de forma um pouco simplista, acerta ao associar sofrimento e miséria de larga parcela da população mundial às políticas imperialistas empreendidas por sucessivos governos dos EUA.
Frente à dificuldade em, no meio desse cenário, seguir sustentando a idéia de que a história acabou, novos rearranjos devem ser tentados. Numa mistura monstruosa entre relativismo pós-moderno e positivismo oitocentista, as viúvas da tese do fim da história agora apontam suas armas midiáticas de grosso calibre contra o pensamento histórico crítico em nome da defesa de uma suposta imparcialidade na abordagem dos processos (que eles preferem chamar, como os positivistas do século XIX, de fatos) históricos. A narrativa histórica deveria ser formada de versões equivalentes sobre os fatos (relativismo pós-moderno), o que garantiria a imparcialidade do historiador diante dos mesmos (positivismo do século XIX).
Desde pelo menos o movimento francês da Escola dos Annales, iniciado nos anos 1920, sem falar do marxismo e, entre nós, de autores como Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Júnior, o pensamento historiográfico contemporâneo refutou a idéia da neutralidade diante dos processos históricos. A subjetividade, o pertencimento de classe e vários outros elementos são partes constitutivas da análise histórica. Se o historiador deixa claro o lugar de onde fala, tanto melhor para seus leitores, que poderão se posicionar mais claramente diante de seus escritos. Mesmo a história que se diz neutra ou imparcial assume uma perspectiva parcial e, paradoxalmente, é ainda mais ideológica ao não explicitar isso e ao vestir o manto da objetividade científica absoluta.
Toda essa conversa é para a gente chegar na condenação dos livros de Mario Schmidt por O Globo, Veja e Época. Parece risível que um editor de jornalismo de uma empresa que é tão descaradamente parcial na veiculação da informação denuncie um livro didático de História por ser ideológico. Ali Kamel, além de não ser historiador, é autor de um livro que diz não haver racismo no Brasil (sobre os dados da desigualdade racial no Brasil ver reportagem publicada na Folha de S. Paulo nesta semana com os resultados da pesquisa coordenada pelo pesquisador Marcelo Paixão). Sob sua direção, o Fantástico vem apresentando um quadro, com os jornalistas Pedro Bial e Eduardo Bueno, que trata da história do Brasil como uma sucessão de fatos pitorescos e que apresenta erros bizarros, como a falsa informação de que a Inconfidência Mineira teria sido influenciada pela Revolução Francesa, sendo que ela ocorreu meses antes desta.
Sobre Veja, sem comentários. Panfleto ideológico de péssima qualidade, recentemente recebeu uma descompostura do respeitado jornalista Jon Lee Anderson, veterano de guerra da revista New Yorker sobre o mau jornalismo praticado pela revista quando da sua matéria sobre os 40 anos da morte de Che Guevara. Só a desfaçatez pode explicar como essa produtora de falsificações históricas se arroga de xerife de livros didáticos de História.
Vamos à revista Época. Quando do affair Mario Schmidt, fui entrevistada pelo repórter Nelito Fernandes sobre o livro e seu autor. Quase nada do que falei foi publicado, o que já era esperado. Mas o mais absurdo foi o seguinte: Nelito me fez, de modo, direto, três perguntas. A primeira: “Seu sobrenome se escreve com um c ou dois?”. Respondi: “Um c só”. Segunda: “Você é professora da UFRJ?”. Eu disse: “Não, da UFF”. Terceira: “Você foi aluna do Mario?”. Neguei: “Não, nunca fui sua aluna”. Pois na matéria que saiu na revista eu virei Adriana Faccina com dois cs, professora da UFRJ e ex-aluna de Mario! Se os caras não conseguem ser fiéis nem às verdades mais prosaicas, que dirá quando os temas se complexificam. Pareceu claro a mim que Nelito já tinha uma missão: condenar o livro e seu autor e que minhas informações eram irrelevantes, só serviam para ele mostrar que tinha ido às fontes e não escrito um panfleto saído de sua cabeça ou da pena dos seus editores.
Todos esses veículos, e mais a televisão, atingem milhões de pessoas e estão concentrados em poucas mãos, divulgando aspectos parciais da verdade, quando não mentiras e falsificações deslavadas sem nenhum controle, produzidas sempre do ponto de vista dos vencedores. Aí sim estamos falando de doutrinação muito poderosa, porque diária e cotidiana. Imaginar que dois tempos semanais de aula de história e a leitura de livros didáticos podem fazer frente a isso é uma aberração sem tamanho.
Ao contrário do que dizem seus detratores, os livros de Mario Schmidt dialogam com ampla bibliografia histórica atualizada, trazem documentos históricos importantes e fontes iconográficas excelentes. É um material de ótima qualidade e que não deve ser recolhido de bibliotecas de escolas, a não ser que estejamos falando de censura ideológica, pois se trata de uma obra que se propõe a ser crítica. E é isso que incomoda aqueles que acham que educação não deve ser voltada para estimular o educando a pensar. Como todo livro didático, possui limitações e não é perfeito. Cabe ao professor, em sala de aula, complementar o trabalho com outras linguagens, reflexões e informações.
O pano de fundo dessa história toda diz respeito ao próprio papel da educação no mundo de hoje. Para quê queremos educar nossos filhos? Queremos criar indivíduos conformados com esse mundo que não é bom para ninguém, com exceção dos poderosos, ou desejamos formar seres pensantes, capazes de construir um mundo novo?

Sabemos que a desesperança e a falta de perspectivas de futuro geram consumismo, autodestruição, indiferença em relação ao sofrimento alheio. O conformismo é alimento para comportamentos violentos, para abuso de drogas, para uma existência preocupada somente em predar o presente, extraindo dele cada emoção imediata possível, tentativas de preencher vazios infindáveis.
Livros didáticos críticos são parte de uma concepção de educação que visa não doutrinar os educandos, pois isso os meios de comunicação e o mercado já fazem. Mas sim despertar o senso crítico, ensinar a pensar, a investigar o porquê das coisas. E hoje a escola ainda é um dos poucos espaços de resistência onde isso é possível. A História como disciplina incomoda muito aos poderosos porque ela mostra como nosso mundo chegou ao que é hoje. E se as coisas não foram sempre desse jeito, significa que elas podem ser mudadas. Estamos longe do fim da História.
Entendo a preocupações dos pais com o futuro profissional de seus filhos, e a qualidade do que é ensinado nas escolas e nos livros didáticos é parte disso. Mas não podemos nos deixar chantagear por aqueles que são responsáveis por sentirmos tanta insegurança pelo mundo que nossos filhos vão encontrar pela frente. O mundo que eles estão construindo não é o que queremos para quem amamos. Aqueles que hoje atacam a liberdade de idéias e o espírito crítico são os mesmos que destroem o meio ambiente, aprofundam a desigualdade que gera violência, que defendem um sistema econômico que não garante direitos básicos como emprego, saúde e educação ao seres humanos. Está nas mãos dos jovens de hoje mudarem isso. Se os livros didáticos, os professores e a escola servirem para que sua autoestima como sujeitos históricos ativos seja estimulada, teremos não o fim, mas começo de uma nova história.

P.S.: Felipe Viana, esse texto é para você.

Adriana Facina é antropóloga, professora do Departamento de História da UFF, membro do Observatório da Indústria Cultural e autora dos livros Santos e canalhas: uma análise antropológica da obra de Nelson Rodrigues (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2004) e Literatura e sociedade (Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 2004).

Quem quer calar o povo latinoamericano?

Caso um nativo latino escrevesse o artigo que reproduzo abaixo seria ridicularizado pelos intelectuais e jornalistas “imparciais” de plantão. Como o autor é europeu, praticamente um vizinho do rei de Espanha, imagino que será lido e respeitado.


¿Porqué no te callas?

Não se imagina um chefe de Estado europeu dirigir-se nesses termos publicamente a um colega europeu quaisquer que fossem as razões do primeiro para reagir às considerações do último. Esta frase é reveladora em diferentes níveis.

Boaventura de Sousa Santos

Esta frase, pronunciada pelo Rei de Espanha dirigindo-se ao Presidente Hugo Chávez durante a XVII Cúpula Iberoamericana realizada no Chile, no dia 10 de Novembro, corre o risco de ficar na história das relações internacionais como um símbolo cruelmente revelador das contas por saldar entre as potências ex-colonizadoras e as suas ex-colônias. De fato, não se imagina um chefe de Estado europeu dirigir-se nesses termos publicamente a um colega europeu quaisquer que fossem as razões do primeiro para reagir às considerações do último. Como qualquer frase que intervém no presente a partir de uma história longa e não resolvida, esta frase é reveladora em diferentes níveis.
Ela revela, em primeiro lugar, a dualidade de critérios na avaliação do que é ou não democrático. Está documentado o envolvimento do primeiro-ministro de Espanha de então, José Maria Aznar, no golpe de Estado que em 2002 tentou depor um presidente democraticamente eleito, Hugo Chávez. Porque, naquela altura, a Espanha presidia à União Européia, esta última não pode sequer clamar total inocência. Para Chávez, Aznar ao atuar desta forma, comportou-se como um fascista. Pode questionar-se a adequação deste epíteto. Mas haverá tanta razão para defender as credenciais democráticas de Aznar, como fez pateticamente Zapatero, sem sequer denunciar o carácter antidemocrático desta ingerência?
Haveria lugar à mesma veemente defesa se o presidente eleito de um país europeu colaborasse num golpe de Estado para depor outro presidente europeu eleito? Mas a dualidade de critérios tem ainda uma outra vertente: a da avaliação dos fatores externos que interferem no desenvolvimento dos países. Num dos primeiros discursos da Cúpula, Zapatero criticou aqueles que invocam fatores externos para encobrir a sua incapacidade de desenvolver os países. Era uma alusão a Chavez e à sua crítica do imperialismo norte-americano.
Pode criticar-se os excessos de linguagem de Chávez, mas não é possível fazer esta afirmação no Chile sem ter presente que ali, há trinta e quatro anos, um presidente democraticamente eleito, Salvador Allende, foi deposto e assassinado por um golpe de Estado orquestrado pela CIA e por Henry Kissinger. Tão pouco é possível fazê-lo sem ter presente que atualmente a CIA tem em curso as mesmas táticas usando o mesmo tipo de organizações da “sociedade civil” para destabilizar a democracia venezuelana.
Tanto Zapatero como o Rei ficaram particularmente agastados pelas críticas às empresas multinacionais espanholas (busca desenfreada de lucros e interferência na vida política dos países), feitas, em diferentes tons, pelos presidentes da Venezuela, Nicarágua, Equador, Bolívia e Argentina. Ou seja, os presidentes legítimos das ex-colônias foram mandados calar mas, de fato, não se calaram. Esta recusa significa que estamos a entrar num novo período histórico, o período pós-colonial, teorizado, entre outros, por José Marti, Gandhi, Franz Fanon e Amilcar Cabral e cujas primicias políticas se devem a grandes lideres africanos como Kwame Nkrumah. Será um período longo e caracterizar-se-á pela afirmação mais vigorosa na vida internacional dos países que se libertaram do colonialismo europeu, assente na recusa das dominações neocoloniais que persistiram para além do fim do colonialismo.
Isto explica porque é que a frase do Rei de Espanha, destinada a isolar Chávez, foi um tiro que saiu pela culatra. Pela mesma razão se explicam os sucessivos fracassos da União Européia para isolar Roberto Mugabe.
Mas “¿porqué no te callas?” é ainda reveladora em outros níveis. Saliento três. Primeiro, a desorientação da esquerda européia, simbolizada pela indignação oca de Zapatero, incapaz de dar qualquer uso credível à palavra “socialismo” e tentando desacreditar aqueles que o fazem. Pode questionar-se o “socialismo do século XXI” - eu próprio tenho reservas e preocupações em relação a alguns desenvolvimentos recentes na Venezuela - mas a esquerda européia deverá ter a humildade para reaprender, com a ajuda das esquerdas latinoamericanas, a pensar em futuros pós-capitalistas.
Segundo, a frase espontânea do Rei de Espanha, seguida do ato insolente de abandonar a sala, mostrou que a monarquia espanhola pertence mais ao passado da Espanha que ao seu futuro. Se, como escreveu o editorialista de El País, o Rei desempenhou o seu papel, é precisamente este papel que mais e mais espanhóis põem em causa, ao advogarem o fim da monarquia, afinal uma herança imposta pelo franquismo. Terceiro, onde estiveram Portugal e o Brasil nesta Cúpula? Ao mandar calar Chávez, o Rei falou em família. O Brasil e Portugal são parte dela?

Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

Publicado na Agência Carta Maior

20.11.07

Seleção de musicais do You Tube

O blog Alma Carioca (clique aqui para acessá-lo) catalogou mais de 100 vídeos do You Tube com músicas de qualidade.
Tem Adoniran Barbosa e Elis Regina, Caetano, Chico Buarque, Carlos Gardel, Cartola, Edith Piaf, Gonzaguinha, Gigliola Cinquetti e muito mais.
Edith Piaf - "La Vie En Rose", Elis Regina - "O Bêbado e a Equilibrista" e Paulinho da Viola e Marisa Monte - "Carinhoso", são minhas preferidas até o momento.

17.11.07

A Venezuela deve entrar no Mercosul?

A pergunta consta de uma enquete do Portal da Câmara dos Deputados.
Eu penso que sim, e você?
Para votar clique no endereço:
http://www2.camara.gov.br/internet/homeagencia/

Governo troca mistura nutricional consagrada há décadas por produtos industrializados

A edição online da Revista Istoé, de 19/9/07, trouxe matéria preocupante, reproduzida abaixo:

A vitória dos enlatados
Governo troca mistura nutricional consagrada há décadas por produtos industrializados
HUGO MARQUES

A cena foi comovente. O vice-presidente José Alencar preparava-se para plantar uma árvore em Brasília quando foi abordado por uma nissei de 65 anos e 1,60 m de altura. Era manhã da quinta-feira 6. A mulher começou a mostrar fotografias de crianças esqueléticas, brasileiros com silhueta de etíopes, mas que tinham sido recuperadas com uma farinha barata e acessível, batizada de “multimistura”. Alencar marejou os olhos. Pobre na infância no interior de Minas, o vice não conseguiu soltar uma palavra sequer. Apenas deu um longo e apertado abraço naquela mulher, a pediatra Clara Takaki Brandão. Foi ela quem criou a multimistura, composto de farelos de arroz e trigo, folha de mandioca e sementes de abóbora e gergelim. Foi esta fórmula que, nas últimas três décadas, revolucionou o trabalho da Pastoral da Criança, reduzindo as taxas de mortalidade infantil no País e ajudando o Brasil a cumprir as Metas do Milênio. E o que a pediatra foi pedir ao vicepresidente? Que não deixasse o governo tirar a multimistura da merenda das crianças. Mais do que isso, ela pediu que o composto fosse adotado oficialmente pelo governo. Clara já tinha feito o mesmo pedido ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão – mas ele optou pelos compostos das multinacionais, bem mais caros. “O Temporão disse que não é obrigado a adotar a multimistura”, lamenta Clara.
Há duas semanas a energia elétrica da sala de Clara dentro do prédio do Ministério da Saúde foi cortada. Hoje, ela trabalha no escuro. “Já me avisaram que agora eu estou clandestina dentro do governo”, ironiza a pediatra. Mas ela nem sempre viveu na escuridão. Prova disso é que, na semana passada, o governo comemorou a redução de 13% nos óbitos de crianças entre os anos de 1999 e 2004 – período em que a multimistura tinha se propagado para todo o País.
Desde 1973, quando chegou à fórmula do composto, Clara já levou sua multimistura para quase todos os municípios brasileiros, com a ajuda da Pastoral da Criança, reduto do PT. Os compostos da multimistura têm até 20 vezes mais ferro e vitaminas C e B1 em relação à comida que se distribui nas merendas escolares de municípios que optaram por comprar produtos industrializados. Sem contar a economia: “Fica até 121% mais caro dar o lanche de marca”, compara Clara.
Quando ela começou a distribuir a multimistura em Santarém, no Pará, 70% das crianças estavam subnutridas e os agricultores da região usavam o farelo de arroz como adubo para as plantas e como comida para engordar porco. Em 1984, o Unicef constatou aumento de 220% no padrão de crescimento dos subnutridos. Dessa época, Clara guarda o diário de Joice, uma garotinha de dois anos e três meses que não sorria, não andava, não falava. Com a multimistura, um mês depois Joice começou a sorrir e a bater palmas. Hoje, a multimistura é adotada por 15 países. No Brasil só se transformou em política pública em Tocantins.
Clara acredita que enfrenta adversários poderosos. Segundo ela, no governo, a multimistura começou a ser excluída da merenda escolar para abrir espaço para o Mucilon, da Nestlé, e a farinha láctea, cujo mercado é dividido entre a Nestlé e a Procter & Gamble. “É uma política genocida substituir a multimistura pela comida industrializada”, ataca a pediatra. A coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, reconhece que a multimistura foi importante para diminuir os índices de desnutrição infantil. “A multimistura ajudou muito”, diz. “Mas só ela não é capaz de dizimar a anemia; também se deve dar importância ao aleitamento materno.” ISTOÉ procurou as autoridades do Ministério da Saúde ao longo de toda a semana, mas nenhuma delas quis se pronunciar. “O multimistura é um programa que não existe mais”, limitou-se a informar a assessoria de imprensa.

Se alguém tiver notícias sobre o episódio me envie, por favor! É difícil acreditar em tamanha maracutaia!

Quem tem medo da Venezuela?

A Venezuela e Hugo Chávez ganharam destaque nos noticiários brasileiros nas últimas semanas.
A reforma constitucional em curso tem chamado muito a atenção de todos.
Por princípio sou contra a reeleição. Qualquer reeleição. Na minha modesta e não pedida opinião, este péssimo hábito profissionaliza o ato da representação política, o que não é desejável, além de impedir o surgimento de novas lideranças.
Posto isso é óbvio que não me agrada o projeto de alteração constitucional proposto por Hugo Chávez. Mas isso não é da minha conta, isso é do interesse direto da Venezuela e do seu povo.
Devemos perguntar se a lei do país está sendo respeitada. Garanto-lhes que sim!
Os golpistas estão do outro lado e foram apoiados pelos EUA e pela Espanha de José Maria Aznar, um fascista. O seu fascismo para consumo interno não me diz respeito, diga-se de passagem, mas sim ao povo espanhol que o elegeu dentro das regras por eles estabelecidas.
Além de realizada dentro dos limites legais venezuelanos, tal emenda deverá ser referendada pela população da Venezuela para entrar em vigor. Para que mais democracia do que isso? Ou será que só defendemos as regras democráticas quando elas nos dão os resultados que queremos?
Vejam a desfaçatez de alguns políticos brasileiros que nasceram, cresceram e enriqueceram sob os auspícios da ditadura militar! José Sarney, Paulo Maluf e toda a turma do DEM (ex-PFL e antes disso, ex-ARENA). Logo eles criticando as “falhas” da democracia da Venezuela! E com amplo respaldo da mídia, a mesma mídia que em grande parte “marchou com deus pela liberdade” (se não sabem do que estou falando é só clicar aqui).
Outra orquestração da grande mídia nos apresenta o temor de uma corrida armamentista desencadeada por Hugo Chávez. É este o temor dos senhores da verdade? Hugo Chávez e suas poderosas armas?
A revista Época, secundada por Veja, apresentou extensa reportagem sobre as “ameaças” chavistas. Clique aqui e leia a matéria da Época e aqui para ler a opinião da Veja de 07/11/07.
Observe o quadro comparativo das Forças Armadas do Brasil e da Venezuela apresentado pela Revista Época na sua edição 493, de 29/10/07:

A revista resolveu usar o infográfico para desmentir o teor da matéria!
Para nossa imprensa, Chávez é um ditador e assim é apresentado, mas no Paquistão o homem que se apoderou da presidência por meio de golpe de estado, mantém a oposição trancafiada e tem como principal diversão prender advogados é chamado de presidente Pervez Musharraf. Tenho certeza que assim será chamado enquanto durar seu alinhamento com os EUA!
Nossa mídia é assim: desavergonhadamente e descaradamente servindo aos poderosos, sempre!

16.11.07

O rei bombril

Ótimo texto publicado na Nova-e. Bom termos leituras diferentes daquelas apresentadas pela grande mídia.

O rei bombril

Laerte Braga

O rei Juan Carlos foi para o plenário do encontro de países ibero-americanos irritado com as duras críticas do presidente Lula (Brasil) e da presidente Bachelet (Chile) feitas momentos antes de sua explosão grosseira com o presidente Chávez (Venezuela). Lula e Bachelet foram incisivos com o primeiro-ministro Zapatero sobre a forma de atuação de empresas espanholas em seus países.
Em plenário, o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, havia denunciado a intervenção descarada de José Maria Aznar no processo eleitoral de seu país, na tentativa de derrotá-lo.
O presidente Néstor Kirchnner (Argentina) fez duras críticas a Aznar por seu comportamento na crise que quase desmonta a Argentina e durante o breve governo Duhalde. Kirchnner disse que Aznar, então primeiro-ministro, havia ligado para o presidente argentino e exigido o cumprimento do acordo com o FMI. É que foram suspensos todos os pagamentos da dívida externa diante da crise que se seguiu à renúncia do ministro de La Rúa. Foram duas ligações em que Aznar tratou o colega argentino como uma espécie de governador da coroa espanhola.
Juan Carlos é chefe de Estado e não chefe de Governo. Não havia necessidade de sua presença no encontro de governos de países ibero-americanos. Foi ao Chile como representante de empresas espanholas.
Juan Carlos é neto do rei espanhol deposto pela ditadura franquista e para ser indicado rei, o ditador Franco exigiu que seu pai renunciasse ao seu direito ao trono. Para ser rei rompeu com seu pai, atropelou seu pai e se fazendo de bobo, de idiota, foi comendo o mingau pelas beiradas, como dizemos aqui.
Juan Carlos silenciou durante a tentativa de golpe de estado na Espanha, em 1981. Franquistas chefiados por Millan del Bosch tentaram fechar o Parlamento e pleiteavam que todo o poder fosse dado ao rei. Juan Carlos seria o grande beneficiário do golpe. Na Espanha, como na Grã Bretanha, rei reina, mas não governa. Diante do fracasso pronunciou-se pela "legalidade democrática". O jornalista Mauro Santayana trouxe à lembrança esse fato em excelente artigo e mostra que a atitude do rei lhe custou o respeito de espanhóis comprometidos com a democracia.
O golpe de abril de 2002 contra Chávez foi desfechado numa quinta feira e no domingo o presidente venezuelano estava de volta ao poder pelas mãos do povo. Dois governos estavam sabidamente implicados no processo golpista e foram os únicos a reconhecerem de imediato o "governo" de Pedro Carmona. Carmona é sócio de várias empresas espanholas, era o presidente da federação das indústrias da Venezuela, similar da FIESP naquele país. Vale dizer, máfia de sonegadores e coisas piores.
Juan Carlos paga perto de dez mil dólares por antílope caçado na Suíça, em temporada de férias. O governo suíço cobra um alto preço dos caçadores, pois caçam uma espécie em extinção, o antílope europeu.
Juan Carlos e o primeiro-ministro Zapatero são adversários. Na cabeça do rei os países latino-americanos têm que se curvar à Espanha. Raciocina ainda como colonizador. Aquele que vinha e levava o ouro e a prata. Milton Nascimento canta uma canção que ilustra a chegada de um capitão espanhol a um porto brasileiro e o saque promovido a partir de seu navio cheio de canhões.
A presença do rei no encontro é pura propaganda do suco de Espanha. É feito com a extorsão e a exploração de empresas espanholas na América Latina sobre trabalhadores. Não cabe a ele ditar a política de seu país.
A forma como se dirigiu a Hugo Chávez foi desrespeitosa, autoritária, prepotente e deixou claro todo o pensar do rei de Espanha. Pensa como Franco, pensa como Aznar, pensa como a OPUS DEI, faz parte da extrema-direita européia, aquela que considera imigrantes cidadãos de segunda categoria. Franco foi apoiado por Hitler na guerra civil de seu país.
A resposta de Chávez veio à altura. Quem é o rei para calar o presidente eleito pela vontade do povo, por três vezes, num país soberano e independente?
Fernanda Brozoski, estudante da Universidade Central da Venezuela, enviou comunicado a várias comunidades na internet onde adverte para o vídeo falso exibido pela GLOBO no Brasil a propósito dos incidentes envolvendo manifestantes pró e contra Chávez.
Segundo a estudante, o vídeo mostrado no JORNAL NACIONAL (porta-voz da mentira FIESP/DASLU), exibe policiais de outro país, "pois os uniformes não são de policiais daqui". A estudante afirma que as instalações da universidade são as exibidas, mas todo o resto foi montado. E é textual ao dizer que os chavistas foram agredidos por adversários.
"Neste mesmo vídeo vocês vão ver que dois dos estudantes feridos estão de camisas vermelhas". Símbolo do chavismo. A GLOBO apresentou-os aqui como adversários de Chávez agredidos por partidários do presidente, supondo, lógico, que o detalhe não viesse a ser percebido. Para a GLOBO importante é veicular a mentira e tentar transformá-la em verdade.
Brozoski afirma que GLOBO trocou deliberadamente, lógico, a posição de agressores e agredidos. Estudantes de universidades particulares contrários a Chávez, agredindo estudantes da universidade pública. Não podia imaginar que o fato viesse a ser descoberto por aqui, o vídeo editado, montado, adulterado, foi exibido em oito de novembro agora.
É evidente que a GLOBO não vai publicar ou fazer menção à carta da estudante venezuelana e tampouco mudar sua característica de rede a serviço do grande capital nacional e internacional. William Bonner já rotulou os telespectadores do JORNAL NACIONAL de simplórios, de idiotas, quando chamou-os de Homer Simpson diante de professores e estudantes da UNICAMP.
Juan Carlos foi ao Chile como garoto propaganda de empresas espanholas. Desde bancos, empresas de telefonia e comunicações a cafetões como Chico Recarey. É o seu papel. É o que tem feito.
E há um detalhe pouco citado em todo esse processo em que tentam transferir o epíteto de grosseiro para Chávez. Já dominado e moldado pelas cortes de seu país, o primeiro-ministro Zapatero sabe que Juan Carlos ressuscitou o líder fascista Jose Maria Aznar.
O rei falou para fora, atendendo ao golpismo norte-americano. Para dentro, atendendo aos franquistas, aos bancos, às elites, colocou Zapatero em segundo plano, não perdoa o fato de Zapatero ter retirado as tropas espanholas do Iraque. Foi ao Chile cumprir seu papel garoto bombril dessas forças. Tem mil e uma utilidades para os "negócios" e é muito bem remunerado.

Fonte: Revista Nova-e
(http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=876)

15.11.07

Semana da Consciência Negra é celebrada no SESCSP

Programação promove o espírito negro por meio de ciclo de filmes, dança, música, gastronomia, artesanato e exposições

Celebrado em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e suas contribuições culturais. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Durante cem anos (1595-1695), Palmares constituiu um foco de resistência aos ataques da Coroa. Em função da sua expressão histórica, representa um ícone de formação social e cultural que contribuiu no fortalecimento de ações para ampliação da cidadania.
Com o objetivo de valorizar as manifestações artísticas e culturais afro-descendentes e aproximá-las do grande público, a programação do SESC Avenida Paulista inclui dança, música, gastronomia, mostra de cabelos étnicos, palestras e ciclo de filmes. Destaque para os filmes Eu, um negro, de Jean Rouch, que retrata a busca por identidade de jovens nigerienses longe de casa (18/11, domingo, às 19h), e Ladrões de cinema, de Fernando Coni Campos, revela o morro carioca dos anos 70.
Ainda no SESC Av. Paulista, a Orquestra Nzinga de Berimbaus, do Grupo Nzinga de Capoeira Angola, apresenta peças musicais integra os toques de capoeira a outras tradições musicais afro-brasileiras, como jongo, tambor-de-crioula e bumba-meu-boi (20/11, terça, às 11h). Ao mesmo tempo, ocorre uma exposição de cabelos étnicos com a Cia. das Tranças (de Chris Oliveira) e confecção de bonecas negras de vinil e de pano no Ateliê "Preta Pretinha".
O teatro do SESC Vila Mariana abre espaço para a montagem Máquina de desgastar gente, cujo tema é a presença e a exploração da imagem do negro na sociedade contemporânea. Por meio das memórias pessoais e da história dos antepassados dos integrantes do elenco, o espetáculo se utiliza de dança, teatro e música para discutir o papel do negro no cotidiano brasileiro (20/11, terça, às 18h; 21/11, quarta, às 21h).
Explorando a pluralidade da música afro-brasileira, o espetáculo Africanidade apresenta em forma de música um olhar profundo à organização da produção artística de comunidades que ainda tentam preservar esses sons e ritmos mais puros, originados dessa primeira fusão cultural, expressando sentimento e respeito à resistência cultural. Oriundo de Minas Gerais, o grupo A Quatro Vozes traz ao SESC Santo André o melhor dos ritmos congada, maracatu, ijexa (20/11, terça, às 16h).
Os SESCs do interior de São Paulo também participam com programações especiais. No SESC Prudente, o projeto musical Salve, salve eterna Clementina homenageia (na voz de Tereza Gama) uma das mais importantes intérpretes do samba de terreiro (20/11, terça, às 18h30).
O SESC Sorocaba realiza um show comemorativo com Black Rio, Cindy e Léo Maya. A atriz e cantora Cindy desponta nas telas da TV na pele de “Lena”, uma das quatro personagens principais do seriado Antônia, da Rede Globo. Ao lado de Leo Maia e com a banda Black Rio (grupo carioca formado em 1976), ela mostra um repertório funk, misturado com samba, jazz e ritmos brasileiros (20/11, terça, às 20h).
Consulte a programação completa em todas as unidades do SESCSP!
Fonte: http://www.sescsp.org.br/sesc//revistas/subindex.cfm?ParamEnd=1&IDCategoria=5247&inslog=41

14.11.07

Internet: modo de usar

Vez por outra minha caixa de e-mail é inundada por correntes dos mais diversos tipos, desde agradecimentos ao santo expedito pela graça alcançada, até a busca desesperada por uma adolescente, vestida com a camiseta da seleção brasileira, seqüestrada pelo próprio “quase” cunhado, isso sem contar as ofertas de doações de fabricantes de celulares e laptops.
Quanto à primeira categoria nenhum problema. Embora não seja um crente nestas coisas, respeito a crença dos amigos e das amigas, simplesmente apago após ler o início e pronto!
Quanto à segunda categoria fico um pouco irritado com o excesso de boa fé das pessoas. Quando recebi a mensagem acima mencionada, pela primeira vez, em 1999, liguei para o telefone que constava no e-mail. Fui atendido por uma senhora que me garantiu que a história era verdadeira, mas a menina já estava em casa, tranqüila, havia mais de seis meses.
De outra feita ao receber uma mensagem com teor semelhante, fiz a mesma coisa, liguei para o telefone que dela constava e fui atendido por uma avó chorosa. A neta havia sido seqüestrada pela ex-nora vingativa. A senhora até me encaminhou uma cópia, por fax, de um boletim de ocorrência policial.
Este cuidado que eu tenho é indispensável em casos semelhantes. Só reenvio mensagens deste tipo quando tenho a confirmação – mesmo sabendo que tal confirmação também pode ser armação – do evento relatado.
Para aqueles que não gostam de gastar os preciosos pulsos telefônicos, sugiro sempre uma consulta ao site Quatrocantos (clique aqui para acessá-lo).
Ele oferece uma lista com as principais bobagens que circulam pela Internet. Caso você não encontre nenhuma referência sobre o que procura, mande uma mensagem que a equipe do site lhe ajudará, de bom grado, a verificar se história é verdadeira ou não.
Se assim procedermos diminuiremos bastante o spam e evitaremos algumas armadilhas, como construir malas diretas com os endereços de e-mails de nossos amigos, vendidas por espertalhões por aí.

11.11.07

Coleção de bobagens


















Festa do Livro na USP

9ª Festa do Livro da USP
Mais de 100 editoras, desconto mínimo de 50%.
2111 a 2311 das 9h ás 21h
prédio de Geografia e História da USP FFLCH
Cidade Universitária - São Paulo

Vestibular na FGV e na ESPM

Desejo muito tranqüilidade e sucesso a todos que farão as provas da FGV – para direito – e ESPM neste domingo.
Recomendo ainda que acompanhem a correção feita pelo CPV (clique aqui).

7.11.07

Semana de Geografia - PUC/SP

Abertura

05/11—Segunda—19H30—Sala P-65
“Mudanças Globais, Repercussões Locais”
Prof. Dr. Gustavo Coelho (Chefe do Depto de Geografia - PUC/SP)
Profª Drª Marísia Santiago Buitoni (Depto de Geografia— membro da Comissão Organizadora do evento- PUC/SP)
Prof. Dr. Mauro Luiz Peron (Depto de Geografia— membro da Comissão Organizadora do evento - PUC/SP)
Mesa-Redonda

05/11—Segunda—19H40— Sala P-65
“A AGB e o Movimento Estudantil: de 1978 a 2007”
Prof. Leandro E. Martins (Vice-Diretor da AGB-SP)
Prof. Dr. Douglas Santos (Depto de Geografia - PUC/SP)
Mediador: Eduardo Carlini (Bacharelando em Geografia - PUC/SP)
Mesa-Redonda

06/11—Terça—19H30—Sala P-65
“Brasil e América Latina: fronteiras em movimento”
Prof. Dr. André Martin(Depto de Geografia— USP)
Prof. Dr. José Arbex (Departamento de Jornalismo - PUC/SP)
Mediador: Profª Drª Maria Eliza Miranda (Depto de Geografia - PUC/SP)

OFICINA
“Gestão de Resíduos Sólidos: da teoria à prática. Classificação e gestão de resíduos sólidos no Brasil: prevenção x poluição”.
Docentes responsáveis:
Profª Marlise G. Balieiro
Prof. Renato Diniz Lobo
Carga Horária: 6 horas/aula
05/11—Segunda
07/11—Quarta
Local e Horário: Prédio Velho—Sala S-24—das 14H00 às 17H00

MINICURSO
“O Século XXI e as Migrações Internacionais”.
Docente responsável:
Profª Drª Márcia Maria C. M. de Souza
Carga Horária: 5 horas/aula
06/11—terça
08/11—quinta
Local e Horários: terça (das 14H00 às 16H00); quinta (das 16H00 às 19H00) - Sala S-27
Inscrições gratuitas: Secretaria da Fac. de Ciências Socais.

Palestra
07/11—Quarta—19H30
Auditório da APROPUC (Rua Bartira, 407—ao lado do Prédio Novo)
“China: uma nova geografia?”
Prof. Ms Elias Jabbour (Pesquisador do IBECAP)
Mediador: Prof. Dr. Mauro Luiz Peron
(Depto de Geografia - PUC/SP)

Palestra
8/11—Quinta—19H30—Sala p-65
“Rio São Francisco: território e originalidades regionais”
Prof. Dr. Aziz N. Ab’ Saber
Mediadora: Profª Drª Kátia Canil (Depto de Geografia - PUC/SP)

Mesa-Redonda
09/11—sexta– 19H30—Sala P-65
“Ensino de Geografia e Sistemas de Avaliação”
Profª Ms Adriana A. Furlan (UNICSUL 2)
Profª Drª Nídia N. Pontuschka (USP)
Mediadora: Profª Drª Marísia Santiago Buitoni (Depto de Geografia - PUC/SP)

Trabalhos de Campo
10/11—Sábado - Realização com os alunos do Curso de Geografia da PUC/SP. Inscrições gratuitas: Secretaria da Fac. de C. Sociais.

5.11.07

O processo criativo da "nossa mídia"

Induzido por um artigo do Luiz Carlos Azenha, do blog Vi o Mundo, fiz uma visita ao blog Faz Caber, que retrata os bastidores da Revista Época.
Fiquei abismado com a cara-de-pau da galera.
Vejam as “explicações” para a capa da edição que apresentava a Venezuela como uma ameaça bélica ao Brasil:

Capa da semana
Para fazer a capa desta semana foi feita uma pesquisa de imagem muito específica. O presidente da Venezuela Hugo Chávez teria que estar com cara ameaçadora. Foi muito difícil, ele tem uma cara gorda e simpática, não dá medo em ninguém. A imagem que mais chegou próximo do objetivo foi a que ele está de boina vermelha olhando para o lado esquerdo. Para deixar a imagem ainda mais forte, o nosso ilustrador Nilson Cardoso fez um trabalho de manipulação na imagem original, até chegar a este resultado final.
O que acham? Façam seus comentários
Marcos Marques - diretor de arte

Vejam a “obra de arte”:





O "suposto" terceiro mandato de Lula

A imprensa grande está preocupada, até a raiz dos cabelos, com um “suposto” – para usar um termo da moda – terceiro mandato para o presidente Lula.
Não faz o menor sentido tal preocupação. Primeiro por não ser o desejo do presidente, ao menos é o que me parece, e segundo, por que a conjuntura política não está para peixe! Será muito mais difícil, e muito mais caro, passar uma emenda constitucional com esse intento, do que aquela que aprovou a reeleição durante o reinado, desculpem-me, o governo de FHC.
Por outro penso eu que reeleição não é uma coisa saudável para alimentar uma boa cultura partidária. Lembro-me que nos idos de 1980 e poucos, discutíamos no PT a proposta de proibição de reeleição para todos os cargos, assim, pensávamos, as lideranças seriam sempre renovadas e a política jamais se tornaria uma profissão. Bons tempos!
O que me diverte, deveras, é o medo dos setores com representação na bancada da mídia com esse tal de terceiro mandato.

4.11.07

Vestibular Ibmec

Hoje foi o vestibular do IBMEC. Caso queiram conferir as correções da equipe do CPV é só clicar aqui.

2.11.07

Bakunin tinha razão?


A questão dos livros didáticos

Alguns órgãos de imprensa têm desenvolvido verdadeiro cavalo de batalha com relação aos livros didáticos, principalmente os de História e Geografia.
Infelizmente, como normalmente acontece na nossa mídia-espetáculo, a discussão é pouco séria e serve mais para questões ideológicas do que pedagógicas. São diversos os problemas dessas análises.
Um primeiro problema, grave, é a maneira como a crítica é construída pelos jornalistas. Sem querer aqui questionar a enorme sapiência desses “especialistas em generalidades”, falta-lhes conhecimento no campo da pedagogia e também das ciências, mas, acima de tudo, falta-lhes humildade. Quase sempre arrogantes e com as receitas prontas, questionam a posição ideológica dos autores e, ao mesmo tempo, expõem outra, como se só a deles fosse correta e aceitável.
O segundo problema é a fixação contrária à determinada linha de pensamento, ignorando que ela encontra respaldo e legitimidade nas instituições universitárias sérias, quer sejam no Brasil ou em outros países. Todo texto que questiona o capitalismo e o liberalismo como valores absolutos é detonado.
Um terceiro, muito grave, é a falta de transparência na publicação dos artigos. Os órgãos que o fazem, como as revistas Veja e Época ou o jornal O Globo, não dizem ao leitor que são partes interessadas comercialmente nesta discussão.
A Editora Abril possui duas “grifes” para edição de livros didáticos: Ática e Scipione , além da Veja Na Sala de Aula (clique aqui para acessar o site da publicação), que publica sugestões de aulas e manuais para os professores.
Já a Editora Globo possui diversas publicações destinadas a alunos e professores, destacando-se as revistas Época e Galileu.
A Época na Educação (é só clicar aqui para ler) se apresenta assim: “Desde 2001, as revistas ÉPOCA e GALILEU vão para escolas de segundo grau - selecionadas anualmente - com o objetivo de formar leitores críticos e participativos. Os professores utilizam as sugestões dos fascículos produzidos todos os meses para desenvolver atividades com seus alunos.”. Observem que, para a Época, o Ensino Médio AINDA é chamado de segundo grau.
Nesta mesma linha temos a Carta na Escola (clique aqui para ter acesso ao site da revista), publicação da Editora Confiança proprietária da revista Carta capital.
Nós, professores, sabemos que o melhor material didático é aquele que preparamos, todos os outros contém equívocos, imprecisões ou lacunas, pois são feitos para o “atacado” e na sala de aula temos nossas particularidades. Por outro lado todos sabem, não só os professores, que não temos tempo de preparar nosso próprio material, assim somos levados a escolher aquele que melhor nos atende.
Já trabalhei com vários materiais didáticos, tanto com livros como com sistemas de ensino e nenhum me atendeu plenamente, mas nenhum deles inviabilizou minhas aulas ou me impediu de um trabalho conseqüente com o grupo de alunos.
Essa postura macartista da imprensa em nada ajuda o debate, o melhor seria ouvir a voz dos especialistas, tanto aqueles que estão nas Universidades, como aqueles que estão nas salas de aula. Principalmente estes últimos.